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Tomás narrando

— Tomás! – Edgar chamou-me e voltei a realidade. – Tá dormindo ainda?

— Não. – Disse meio pensativo. Não estava me sentindo muito bem.

— Vamos fazer o check-in logo! - Edgar passou a andar com Dilan enquanto eu mexia na minha mochila em busca do passaporte.

— Mas que merda! – Falei tateando meus bolsos. – Eu...

— NÃO! NÃO! – negou de maneira inacreditável. – Deixou o... - Confirmei com a cabeça.

— Puta que pariu Tomás! – Encarou-me bravo.

— Calma cara! – Tentei aliviar as coisas. –Olha... Eu vou correndo em casa buscar e chego antes de 20 minutos. Vai ser o tempo de entrar e sair ok?

— Acho bom mesmo! – Fechou a cara e saí correndo em direção ao ponto de táxi. Disse o endereço e fomos direto pra casa.

Sentia-me estranho desde que sai. Era como se estivesse com um pressentimento ruim. Um frio na barriga tomou conta de mim e fiquei um pouco nervoso. Isso não era bom. A única coisa que me acalmava, era o fato de estar voltando em casa para buscar o passaporte. Iria me certificar de que estava tudo bem.

Assim que o táxi parou, pedi que esperasse, pois logo estaria de volta. Sai e fui em direção ao portão, destrancando-o e entrando no jardim. Caminhei normalmente, mas parecia que estava com um peso nas costas. Abri a porta e entrei.

— Carla – A chamei assim que entrei. — Carla eu voltei! – Andei pela sala procurando o passaporte. Ninguém me respondia. – Vivian? – Olhei para a porta da cozinha. – Carla?

— Agora a festa está completa. – Olhei rápido para o lado e um cara me apontava uma arma. Arregalei os olhos e gelei. O silêncio na casa.

— Onde está... – Falei quase sem voz.

— Não se preocupe. Você já vai encontra-la. – Disse ríspido.

— Onde ela está?! – Perguntei com raiva.

— O machão pode diminuir esse tom de voz. – Começou a se aproximar. – A ceguinha está bem... Por enquanto. - Encostou a arma na minha cabeça. – Anda.

Acompanhou-me até a cozinha e assim que entrei levei um susto. Cintia estava sentada na cadeira com uma arma na mão. Carla estava em pé bem a sua frente, tentando segurar o choro e tremendo.

— Ele chegou. – O cara atrás de mim disse e Cintia levantou-se olhando pra mim.

— Tomas. – Carla me chamava e tentou vir me encontrar.

— Fica quieta! – Cintia olhou pra trás falando com a irmã, que parou de andar. – Não se mova. Vai ficar ai. – Tornou a olhar pra mim. – Tomás. – Sorriu. – Finalmente nos encontramos.

— O que você quer?! – Perguntei querendo estrangula-la. – Como chegou aqui? Como saiu de lá?

— Digamos que... Já estava tudo orquestrado desde o momento em que me entreguei. Fiquei o tempo necessário para acharem que eu havia esquecido tudo. Mas hoje... – Olhou pra Carla sorrindo. – Foram me buscar de surpresa.

— Por que voltou?

— Simples... Dinheiro. – Olhou-me cínica.

— Me diga quanto precisa... – Olhei pra Carla e ela tentava não chorar, enquanto colocava as mãos na barriga. – E vão embora.

— Não é tão simples assim. – Cintia riu e andou pela cozinha. – Tem mais uma coisa... – Parou e olhou pra mim. – Eu quero você.

— Como é?

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora