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Carla narrando

– Ai Antônia... - chorava com a cabeça em seu colo como uma garotinha desesperada.

– Calma querida. Calma. - ela passava a mão pelos meus cabelos. – As brigas existem. Você e Tomás são diferentes e nem sempre vão ter a mesma opinião sobre tudo.

– Mas não queria brigar com ele, porque acabei falando uma coisa que não devia e ele deve estar furioso comigo. Eu não fiz por mal, mas... - voltei a chorar mais ainda. – Disse a ele que esse tempo longe ia testar a fidelidade dele.

– Tudo bem Carla. - ela passava a mão no meu rosto com todo amor e paciência. – É assim mesmo. Quando brigamos com alguém, falamos coisas que não deveríamos, mas... - me sentei enquanto a mesma segurava meu rosto. – Tente ser compreensível com ele querida, Tomás nunca pensou em se casar... - rimos. – E também nunca cuidou de alguém assim.

– Eu sei. - respirei fundo e abaixei a cabeça. – Não queria ter brigado com ele e nem ter dito aquelas coisas. Mas... Sabe Antônia, ando tão estranha ultimamente. Tenho me sentido um pouco tonta e enjoada. Mas é só as vezes.

– Tonta? Enjoada?

– É... Antes era um pouco fraco, mas agora parece que é mais forte. - encostei-me no sofá.

– Já foi ao médico? - perguntava um tanto curiosa e havia um misto de desconfiança em sua voz.

- Não. Acha que posso estar com algum problema? - perguntei com medo.

– Acredito que não. - tocou minha perna.
– Mas vou marcar uma consulta pra você amanhã e irei junto.

– Ok. - sorri fraco, mas algumas lágrimas ainda desciam.

– Ah meu bem. - Antonia abraçou-me de lado. – Essas coisas acontecem, mas vocês vão se resolver. Tomás ama muito você e com certeza nunca irá deixa-la. - ri e concordei.

Tomás narrando

– Que beleza hein Tomás? – Edgar me olhava incrédulo. – Deixa a Carla viver, deixa ela fazer as coisas. Vai ver ela só quer te agradar e você nem deixa ela respirar.

– Cara... Eu só me preocupo. - disse de cara feia e traguei o cigarro.

– Pelo amor de Deus! – Dilan puxou o cigarro da minha boca, o apagou e o jogou no lixo. – Se ela descobre que você tá fazendo isso...

– Nem vai ligar. Ela não se preocupa comigo. - me encostei com tudo no sofá. –Ela anda tão nervosa.

– Vai ver é TPM. - apontou como se fosse a solução de tudo. – Quer um conselho? Não obrigue a Carla a fazer nada que ela não queira, porque se não o casamento de vocês vai se basear nela cedendo tudo por você. E Carla? Como fica?

– Eu fico com medo dela se machucar e...

– Ela não vai se machucar. Ela só quer ser independente. Tipo... Começa por coisas simples, que quando você menos esperar cada um vai estar fazendo sua parte. Ensina ela a cozinhar... Tudo bem que você não é grande coisa na cozinha, mas... - o olhei incrédulo e ri. – Deixe sair também. Pelo menos pra dar uma voltinha no bairro. Trair você pode ter a plena certeza de que ela não vai. O ama muito pra cometer tal ato.

– Mas não sei...

– Isso vocês só vão poder resolver quando sentarem e conversarem... mas não será agora. Bem, talvez mais tarde.

– Por que? - perguntei curioso.

– Estamos em cima da hora pra checagem de som.

– Putz. Tinha me esquecido do show.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora