Alguns meses depois
Ouvi o chuveiro sendo ligado e me espreguicei calmamente, abrindo meus olhos por completo e levantando-me com esforço.
Talvez a idade já estivesse começando a pesar. Afinal, hoje era meu aniversário. E como era o meu dia, invadir o banho da Carla não teria problema.
Encaminhei-me para o banheiro, mas parei na porta vendo a silhueta da mesma no box.
A barriga dela estava grande e faltavam poucas semanas para a Summer nascer. Estava nervoso e ao mesmo tempo ansioso com aquilo tudo. Queria segurar minha filha em meus braços, mas tinha aquela insegurança. Eu serei um bom pai?
Carla passou a mão nos cabelos que já estavam mais cumpridos e ficou um tempo acariciando sua barriga.
Sorri e fiquei olhando. Ela sorria, conversava com a Sun e depois cantava. Acho que agora eu iria começar a viver. E viver coisas boas. Não iria mais fazer coisas sem sentido e que me trariam problema. Agora viveria pra duas pessoas e me sentia feliz com isso.
— Eu sei que você está me observando. – Carla disse alto e riu. Sorri largo. – E sabe, que tal vir tomar banho comigo e com a Sun?
— Se eu não for atrapalhar o clube da Luluzinha... – Já estava tirando a blusa.
— Não. – Gargalhou. – Hoje você pode tudo.
Entrei debaixo do chuveiro e a abracei de lado, pois de frente já não era mais possível.
— Parabéns meu amor. – Beijou meu rosto. –Muitos anos de vida, saúde, sucesso. Que continue inspirando vidas... Enfim, coisas maravilhosas para uma pessoa maravilhosa. Ah! E que continue me aturando pelo resto da vida.
— Muito obrigado minha linda e sobre te aturar... Prometo me esforçar. – Beijei seu rosto e ela negou com a cabeça, rindo. – Ei amor. Hoje é aniversário do papai sabia? –Passei a mão pela sua barriga. – Só de pensar que agora também vou ganhar presente de dia dos pais... – Rimos. – Acho que não vou pra turnê.
— O que?! Por que?
— Não posso deixar você. Ainda mais agora que falta muito pouco e por mais que a gente fique uma semana e meio fora, e eu consiga voltar a tempo para o nascimento da nossa pequena, fico preocupado de acontecer algo enquanto estiver fora.
— Você sempre diz a mesma coisa. Não vai acontecer nada. E mais, quando você voltar, ainda vai faltar alguns dias até o parto. Não se preocupa ok? Summer não vai dar seu ar da graça enquanto você não estiver aqui.
— Mas e se você passar mal ou algo assim?
— A Vivian vai estar aqui pra me ajudar. E não vai acontecer nada. – Pôs a mão no meu rosto. – Meu Deus. Olha como a idade já está pesando. Sinto suas rugas.
— Tá de brincadeira! - Passei a mão no rosto.
— É claro que estou.
Ela virou-se de frente pra mim e tateou meu peito.
— Tomás como sempre provocando suspiros. –Abaixou a cabeça.
— Que bom que acha isso. Por mais que... –Carla passou a beijar meu pescoço. – Que eu... Esteja... Carla não faz assim não. – Fechei os olhos com força.
— E por que não? – Continuou beijando meu pescoço.
— Porque jurei que não iria te pegar de jeito até a Summer nascer. – Já sentia um arrepio por conta das puxadas com o dente que ela dava na minha pele.
— Sério? Porque esse era o plano do seu presente número um. E não creio que vá recusar.
— Eu não queria, mas tenho medo de te machucar ou sei lá.
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O amor é cego
Teen FictionAos 14 anos Carla perdeu a visão. E após isso sua família se distanciou e a vida perdeu sentido pra ela. Até encontrar Tomás, um baterista de uma banda muito popular, o problema é que o encontro só foi possível por conta de sua irmã, uma garota rud...