— Não se esqueça de sorrir. - Cintia disse arrumando minha blusa antes de entrarmos. Empurrei-a fraco.
— Eu te odeio! - disse com raiva.
— Você quer mesmo que a sua doce ceguinha vire cinzas? - olhei-a sério. — Muito bem!
Entramos na casa, e minha mãe nos esperava na sala com Edgar. Quando nos viram, ela se levantou e foi abraçar Cintia, que estampou seu sorriso mais falso na cara.
— Cintia, essa é minha mãe Marta! - disse com a voz um tanto séria, mas não queria transparecer estar muito irritado.
- Olá! Como vai a senhora? – Cintia disse simpática.
— Eu estou bem, querida! Vamos entrando?
— Com licença. - Cintia entrou, e eu fechei a porta indo em direção a sala.
— Olha, não é que o Tomás gostou mesmo de você? - Edgar disse abraçando-a. — Sou Edgar. Prazer.
— O prazer é todo meu. Sim. Tomás e eu praticamente nos apaixonamos naquela noite. — Cintia olhou para mim, e fiz uma cara que nem sei descrever. Estava indignado.
— O jantar está na mesa. Vamos? - minha mãe disse totalmente simpática.
Tudo correu bem tranquilo, mas não estava tudo bem. A verdade é que estava com uma psicopata que me ameaçava de morte, na casa da minha mãe. Eu tinha mil problemas a minha volta. Não podia contar a policia por enquanto, pois sabia que estava em uma situação delicada. Cintia provou que nem mesmo a policia poderia para-la. O que não saiu da minha cabeça que ela seria capaz de matar um de nós, e ainda ir para a cadeia de cabeça erguida. Não poderia envolver mais gente nisso. Já bastava Carla, Vivian e Bete estarem no assunto. Cintia seria capaz de tudo para conseguir o que quer, e sei que seus pais estão envolvidos nisso. Agora, porque fariam isso com a Carla? Com a própria filha deles? Porque aceitar tudo que a Cintia diz?
Estava tão envolvido em meus pensamentos, que não ouvi uma palavra do que falavam comigo.
— Não é mesmo Tomás? - Cintia falava.
— O que?
— Que pretendemos deixar as coisas mais sérias num futuro bem próximo?
— É... - fiquei olhando para ela. Como alguém podia ser tão fria?
Quando terminamos de jantar, fiquei apressando-a para que fossemos embora. Com muito custo, consegui tira-la de lá.
— Obrigada Marta. Estava tudo divino. - ela disse com a voz mais falsa do mundo.
— Não há de que Cintia. - minha mãe a abraçou. Cintia foi abraçar Edgar. — Depois teremos uma conversa eu e você em particular. - minha mãe disfarçou me abraçando.
— Ok. - respondi sorrindo fraco para ela.
— Vamos? - Cintia disse me abraçando, mas não conseguia retribuir.
Chegamos ao carro, entramos e comecei a dirigir em total silencio, até ela começar a falar.
— Você foi um bom garoto. Estou impressionada. - ela disse virando-se na minha direção e apertando minhas bochechas.
— Não me toca. - empurrei a mão dela.
— Talvez eu te recompense mais tarde. - ela disse passando a mão na minha perna.
— Dispenso! - tirei a mão dela.
— Você é difícil hein? Ainda pensa na ceguinha? - ela disse cruzando as pernas, e tirando uma lixa de unha da bolsa.
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O amor é cego
Teen FictionAos 14 anos Carla perdeu a visão. E após isso sua família se distanciou e a vida perdeu sentido pra ela. Até encontrar Tomás, um baterista de uma banda muito popular, o problema é que o encontro só foi possível por conta de sua irmã, uma garota rud...