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Meu pai havia contratado uma mulher chamada Vivian, para cuidar de mim. Não havíamos nos falado mas a voz dela parecia doce e tranquila. Finalmente todos saíram e só ficamos nós duas.

— Então Carla, vamos pro seu curso?

— Vamos.

Seria um caminho longo, então resolvi conversar com ela.

— Vivian?

— Oi?

— Como você é?

— Sou branca, cabelos pretos e sou gordinha. - ela riu.

— Posso tocar você?

— Claro!

— Você é muito bonita! - disse a ela depois de ter tocado seu rosto.

— Ah muito obrigada.

— Por nada.

— Posso fazer uma pergunta?

— Sim.

— Porque seu pai a proibiu de ver aquele homem?

— Que homem?

— Tomás. A ordem que ele me deu foi de não deixar você chegar perto dele.

— Porque Cintia falou uma série de mentiras para meu pai.

— Quer me contar o que houve?

— Vai contar pra ele?

— Nunca!

Comecei a contar o que houve aconteceu a ela, que ficou totalmente horrorizada com tudo.

— Mas a sua irmã é um monstro!

— Eu não sei o que fazer! - comecei a chorar. — Eu gosto muito dele.

— Calma meu bem. - ela me abraçou de lado.

Passei a aula toda desatenta. O que iria acontecer? Eu teria que pedir ao Tomás pra se afastar. Eu não queria isso mas é preciso. Quando a aula acabou Vivian já estava me esperando na saída.

— Como foi a aula, querida?

— Foi boa. - suspirei fundo.

Começamos a caminhar e ela tentava me animar contando sobre a vida dela. Parecia ser divertido viver com quase toda a família em um casa de dois andares. Sua vida era bem animada.

— Carla! - não! Tomás!

— Carla, é ele! Eu não posso perder meu emprego! - Vivian me falou preocupada.

— Oi Carla. - ele me disse com aquele voz que tanto amava, mas não respondi. — Que foi? Quem é você?

— Eu sou a Vivian e a Carla não pode falar com você!

— O que? Carla, o que está acontecendo?

— Vivian, posso falar com ele? É rápido. - suplico.

— Eu não sei Carla, o seu pai...

— Eu vou acabar com isso! - disse quase chorando.

— Carla, o que está havendo? - Tomás não entendia.

— Tomás....eu não posso mais falar com você!

— O que? Porque?

— Eu não posso! Você é...eu não posso!

— Mas porque?

— Você não é quem diz que é!

— Carla, por favor! Eu gosto tanto de você! Eu fui sincero com você todo esse tempo!

— Eu sei, mas eu não posso! - comecei a chorar. — Meu pai me proibiu de falar com você!

— Carla, temos que ir. - Vivian disse me apressando.

— Carla, por favor...

— Tomás não me procure mais! Eu não quero mais falar com você! Vem Vivian, me leva embora!

Vivian colocou as mãos sobre meu ombro e me levou pra casa.

— Eu sinto muito, querida.

— Ai Vivian, eu não quero parar de falar com ele. - eu chorava muito.

— Ele não me parece um cara mau.

— Ele não é, ele é maravilhoso.

— E é bonito também. - ri quando ela disse isso. Eu não sabia como o Tomás era exatamente, porque só havia tocado nele uma vez, e não pedi que ele mesmo se descrevesse.

— Como ele é? - fiquei mais calma, mas estava muito mal por dentro.

— Tem uma estatura média, cabelo curto, feições rígidas que dão a ele um ar de cara sério. Mas eu vi que ele não é a partir do momento que viu você e deu um sorriso lindo e bobo.

— Ele deve ser muito bonito mesmo. É uma pena que nunca poderei falar com ele novamente. E se falasse...ele nunca repararia em mim.

— Mas é claro que iria, é porque você não viu a cara que ele fez quando viu você. E quando você disse que não poderia mais falar com ele, tive a impressão de ter visto o mundo dele desabar.  - comecei a chorar de novo.  — Vamos dar um jeito Carla! - me abraçou.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora