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Carla narrando

— Acorda! - senti unhas arranhando meu rosto de leve, e uma voz me chamava calma, mas com um tom cínico.  — Acorda logo irmãzinha! - aquele tom de voz me dava medo. Abri os olhos e me ergui. Sabia que ela estava do meu lado.

— O que foi? - perguntei com um pouco de medo.

— Hoje vai ser um dia muito importante! - la puxou meu braço com força, e me levantou.  – Vista-se! - ouvi seus passos pelo quarto.

— O que está acontecendo? - perguntei.

— Você vai saber logo. - sentia Cintia vindo em minha direção. Tocou no meu cabelo.  – Acho bom não fazer nada, Carla, se você disser ou trocar uma palavra... - ela puxou um pouco meu cabelo.  – Vai sofrer as consequência! - ela soltou meu cabelo. Senti quando ela saiu do quarto.

O que será que iria acontecer? Eu estava preocupada com o que poderia ser.

— Carla. - minha mãe me chamou.

— Sim?

— Ande, arrume-se! - ela disse, e ouvi seus passos pelo quarto.

— O que eu visto? - perguntei em duvida.

— Aqui. Vista isso. - ela me deu um vestido.

— Que cor é esse vestido? - perguntei curiosa.

— Rosa. - minha mãe disse com a voz preocupada.

— O que está havendo, mãe?

— Arrume-se, amor. - ela beijou meu rosto.

Ela saiu do quarto, e em seguida fui ao banheiro. Tomei um banho, e comecei a me lembrar do sonho que tive. Aquele abraço. Já o senti antes. Será que era o Tomás? Sentia-me tão bem quando ele me abraçava. Desliguei o chuveiro e comecei a me secar.

Quando será que nos veríamos de novo? Eu precisava ficar perto dele, porque somente ele conseguia me entender.

Coloquei o vestido rosa, que ia até o meu joelho e as minhas sapatilhas. Por que será que todos estavam se arrumando?

Desci, e comecei a ouvir sussurros na cozinha. Era a voz da Cintia e dos meus pais.

— Cintia, isso é loucura. - minha mãe falava.

— Por que você quer isso minha filha? Não a criamos assim! - meu pai falava indignado.

— Porque eu quero mais. - ela disse totalmente egoísta. Ouvi seus passos pela cozinha com aqueles saltos. — ORA, ORA, ORA! O QUE TEMOS AQUI? - ela segurou meu braço, e me puxou pra a cozinha.

— EU NÃO QUERIA... EU NÃO OUVI NADA. - tentava me explicar, mas era inútil.

— Cintia, solta a sua irmã! - meu pai falava autoritário.

— Então Carla? Quer saber o que está acontecendo não é? - não respondi, porque lágrimas teimavam em cair do meu rosto. Meu braço estava doendo muito.

— CINTIA ME SOLTA POR FAVOR! - tentei implorar, mas não adiantou.

— Olha aqui, daqui a pouco vamos ter uma visitinha. Se você disser, fizer ou simplesmente pensar em tocar... Terei que tomar medidas drásticas.

— EU NÃO FAREI NADA! ME SOLTA. - comecei a chorar mais ainda.

— Mãe...- ela me soltou e me empurrou. — Ajeita o rosto dessa garota. Apesar de que feiura não tem jeito, mas tenta alguma coisa para melhorar essa cara de morta. - e mais uma vez, como todas as outras, não chorava pela dor física. Mas sim, pela dor de suas palavras.

— Vem Carla. - minha mãe colocou o braço no meu ombro e me encaminhou para o banheiro. Colocou-me sentada na cadeira, e começou a limpar as lágrimas do meu rosto.

— Por que? Por que permite que ela faça isso comigo? Eu nunca fiz nada a ela.

— A sua irmã só está nervosa, mas eu sugiro que faça o que ela manda. -fiquei em silencio com isso. Se ela me amava mesmo, porque deixava a Cintia fazer isso comigo? Ouvi a campainha tocar. — Não diga uma palavra, está entendendo?

— Estou. - disse fraco.

Minha mãe saiu do banheiro, me deixando sozinha. Quem será que havia chegado? Por que eu não podia dar uma palavra?

Levantei-me devagar, e fui a passos calmos até a sala. Aquela voz não me era estranha. Só tive certeza de quem era, quando parei perto da porta da sala, mas não entrei. Tomás.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora