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Cintia narrando

Não responde por si? Ele vai ver o que pretendo fazer. Vai se arrepender o dia em que pôs os olhos naquela vadiazinha.

Me arrumei de maneira simples, sem passar maquiagem. Deveria estar parecendo um pouco abatida, e esse era o plano. Seria a atuação do século.

Fui para o estacionamento e peguei meu carro. Eles teriam uma surpresa que jamais esqueceriam.

— Boa tarde. - falei assim que cheguei ao balcão.

— Boa tarde senhorita. Em que posso ajuda-la? - o homem de meia idade perguntou-me interessado.

— Eu gostaria de fazer uma denuncia de agressão e abuso. - falei simulando um choro desesperado. — Meu ex namorado anda me agredindo! Olhe meus pulsos! Ele fez isso a poucos minutos! E mais... - tentei respirar fundo. – Ele abusa da minha irmã mais nova que possui um problema na visão. Ela é totalmente cega. Ela é inocente! - comecei a chorar baixo.

— A senhorita queira me acompanhar, por favor. - o policial disse, me encaminhando para dentro da delegacia.

Fiz meu depoimento, e devo ter ficado algumas horas. Em algumas perguntas não sabia como responder, mas no fim eles se convenceram.

Em seguida fui para casa. Entrei de maneira triunfante, pois sabia quem iria encontrar desolada na sala. Mas na verdade, Carla estava com o cabelo cortado alguns centímetros abaixo da linha dos ombros. Ela continuava com aquela cara de sonsa.

— Parece que alguém deu um jeito no seu cabelo. - falei aproximando-me dela, que estava sentada. Ela não me respondeu, mas começou a esfregar as mãos uma na outra. Ela estava nervosa.
— Eu falei com você. - segurei seu rosto.

— Cintia, solte ela agora! - Vivian disse autoritária.

— Está bem.  Amanhã vocês terão uma surpresinha. - fui para o meu quarto em seguida.

 - fui para o meu quarto em seguida

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Carla narrando

— O que será que ela quis dizer com surpresinha? - perguntei pra Vivian.

— Eu não sei. Mas boa coisa não é.

A noite chegou, e Vivian precisou ir. Meus pais haviam chegado, e aproveitando que Cintia não estava por perto, resolvi contar o que aconteceu. Mas como sempre nenhum deles deu bola. Por que eles não me ajudavam?

Após o jantar, no qual não ouve a presença da minha irmã, segui para o meu quarto onde me preparei para dormir.

— Acha mesmo que vai ficar tudo bem? - ouvi a voz de Cintia atrás de mim. Comecei a tremer de medo. Senti um frio na barriga e me arrepiei. Comecei a ficar nervosa. — Amanhã, você terá uma bela surpresa durante a manhã. - ela pousou as mãos nos meus ombros, mas me afastei rapidamente. Durma bem ceguinha. E espero que tenha aproveitado bem o baterista por hoje, porque a partir de amanhã... - ela deixou por alto, e saiu.

 - ela deixou por alto, e saiu

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Tomás narrando

Estava tomando café pela manhã. Ainda eram oito e meia, e só teria ensaio a tarde, o que permitia que eu pudesse ver a Carla durante a manhã, mesmo que por algumas horas.

De repente escuto a campainha. Deixo a caneca na mesa, e vou atender quem está no portão. Provavelmente era minha mãe.

— Procuramos pelo senhor Tomás. - um policial sério olhava para mim.

— Sou eu. Algum problema? - talvez fosse algo referente a Cintia.

— O senhor está preso por agressão e abuso.

— Preso? - perguntei surpreso e completamente apavorado. — Mas eu não... - só um nome me veio a mente. Cintia.

— O senhor terá que me acompanhar. - o policial segurou no meu braço.

— Tomás! - minha mãe chegou. — O que está acontecendo? Meu filho não fez nada! - minha mãe disse desesperada.

— Mãe, olha para mim. - tentei acalma-la, pois a mesma já iria começar a chorar. — Pegue meu celular na mesa da cozinha, e ligue para o Artur. Em seguida, ligue para Vivian e pergunte se está tudo bem com a Carla. - a encarava tentando passar tranquilidade. — Vai ficar tudo bem.

— Não. - ela começou a entrar em desespero, e segurou no meu braço.

— Mãe, faz o que eu disse. - falei tentando acalma-la. Logo, o policial me colocou na viatura.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora