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Escuto aquele barulhinho do lado da cama. A babá eletrônica começa a dar sinal de vida. Abro meus olhos lentamente, pois ainda
estava com muito sono. Mas mesmo assim, um sorriso calmo apareceu em meu rosto e me levantei. O dever me chamava. Vou em direção ao quarto da frente e assim que entro, já consigo
ouvir pequenos barulhinhos como quem estivesse tentando falar "será que dá pra acordar logo, papai?!". Começo a rir.

— Oi meu amorzinho. - Olhei para Summer que se mexia no berço de modo engraçado, tentando balbuciar algo. Já estava com 6 meses. Como o
tempo voa! – Você já quer levantar é? – A peguei com cuidado e a mesma deitou a cabecinha no meu ombro. Sempre que fazia isso me
deixava um completo idiota. – Ai minha filhinha. – Ri massageando suas costinhas e indo em direção ao andar de baixo, para a cozinha.

– Se você soubesse o quanto eu amo quando você faz isso. – Parei perto da pia olhando algumas coisas que a Carla já havia deixado
pronto. Essa coisa de instinto de mãe é mesmo real. – Hoje somos só você, os Backyardigans e eu. – A coloquei no carrinho e a mesma
ficou olhando os brinquedinhos que estavam pendurados nele, tentando pega-los.

– A mamãe hoje não está em casa. Mas a tarde ela volta do trabalho e vai dar muitos beijinhos na Sun! - Sorri e levei meu rosto de encontro ao dela, lhe dando alguns beijinhos na bochecha. Ela
passou a rir. – Muito bem! Agora fica bonitinha, enquanto o papai prepara sua mamadeira ok? - Fiz carinho em seu bracinho e ela fez um
barulhinho engraçado com a boquinha. – Eu sei que você está com fome! E é por isso que vou tentar fazer o mais rápido possível!

Essa não era a primeira vez que ficávamos Summer e eu em casa, sozinhos. Assim que ajudei a Carla a arrumar o estúdio, isso há 3
meses atrás, passei a cuidar da Sun enquanto ela ia trabalhar. Eu estava de férias agora por um bom tempo, pois a turnê já havia acabado e iria demorar um pouco até produzirmos o novo cd. Então, estava totalmente livre pra fazer qualquer coisa e principalmente, curtir a minha pequena.

— Ah não amorzinho. – Olhei para o carrinho e percebi que a mesma já queria chorar. – O papai tá acabando já. – Falei terminando a mamadeira e deixando-a esfriar. Fui até o carrinho e a peguei no colo.

Toda vez que a Summer estava para chorar, fazia um biquinho que era a coisa mais gostosa do mundo.

— Vamos dar uma voltinha. - saí andando com ela pela casa. Assim daria tempo da mamadeira esfriar.

Summer deitou a cabecinha no meu ombro e fui até a grande janela de vidro da sala, onde se podia ver o jardim.

— Olha filha! – Apontei pra árvore. – É um passarinho! Você gosta? - Ela não chorava, mas sabia que já estava quase me matando
mentalmente por causa da mamadeira. – Acho que já deve estar bom.

Voltamos a cozinha, peguei a mamadeira e fui em direção a sala, onde sentei-me e liguei a TV.

— Isso! – Comemorei ajeitando-a em meu colo. –Chegamos a tempo de ver os Backyardigans! - Disse satisfeito, passando a dar a mamadeira
a ela que se concentrava em tomar todo o leite e assistir o desenho. –Tá bom ai? –Sorri, enquanto a observava. Por alguns segundos, Summer encarou-me com aqueles dois olhinhos brilhantes.

As vezes, paro pra pensar... Nunca me imaginei sendo pai. Quer dizer, até já havia me imaginado. Mas nunca pensei que fosse acontecer. Nunca fui uma pessoa muito séria que ficava sério com
alguém. Foi então que a vida deu uma volta e hoje sou casado e tenho uma filha. E quer saber? Estava achando isso o maior barato!

"Temos um mundo inteiro no nosso quintal!"

Depois que ela nasceu, virei um completo bobo apaixonado. Qualquer coisa que a mesma fazia era motivo pra eu tirar foto, gravar vídeos,
bater palmas, ligar pra todo mundo...

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora