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Tomás narrando

Resolvi dar uma caminhada pelos arredores da cidade. Não só pelo fato de me exercitar mas também queria ter a sorte de encontrar a dona do sorriso mais lindo. E encontrei.

— E então, como foi seu dia? - perguntei enquanto caminhávamos.

— Foi... - mexeu um pouco a cabeça. — Igual a todo dia. - bufou decepcionada, fazendo um biquinho tão fofo que me deu vontade de aperta-la. — E o seu?

— Tá sendo bom. Você sempre faz isso?

— Isso o que?

— O mesmo trajeto?

— Sim, eu faço. Tomás?

— Sim?

— Você tem mãe?

— Eu tenho, o nome dela é Marisa, porque?

— Por nada.

— Tem muitos amigos no curso? - não sabia se estava sendo invasivo mas quando dei por mim já estava perguntando tudo que meus instintos procuravam saber.

— Não dá pra chamar de amigos. Não gosto muito de conversar com eles. A conversa não é...interessante. Resumindo, só tenho dois amigos.

— E quem seriam esses amigos?

— A Elizabete e o Sammy.

— Ora essa! - parei e fiquei indignado. - E eu?

— Gostaria de ser amigo de uma garota cega? Sem graça? Estranha? Feia?

— Você não é isso. E sim eu gostaria de uma garota cega, bonita, inteligente e engraçada. - ela abaixou a cabeça e riu. Consegui ver suas maçãs do rosto ficarem levemente vermelhas e um sorriso tímido se formou em seus lábios. — Sem contar que é a dona do sorriso mais lindo também.

— Puxa, ninguém nunca notou essas minhas qualidades.

— Mas eu noto. - juntou suas mãos em frente ao corpo, tentando repelir aquele sentimento de vergonha evidente em seu rostinho.

— Você vai ser namorado da minha irmã? - arregalou os olhos depois de perceber o que perguntou.

— Acho que não. - sorri de lado vendo aquele belo par de olhos verdes bem escuros brilhando.

— Sério? - disse em um tom alto e feliz, mas parou e ficou séria para não demonstrar tal felicidade que me fez sorrir.

— Sério. - meu maxilar trancou rapidamente, quando finalmente resolvi rebater a pergunta. — E você, tem namorado?

— Que pergunta hein? - ficou surpresa.

— Ué, você me perguntou a mesma coisa. - ri.

— Não tenho. Já disse, ninguém nota em mim.

— E eu te respondi, eu noto em você.

— Você já está começando a me deixar nervosa. - ela parou, respirou e voltou a andar. — Tom?

— O que?

— Está querendo se aproveitar de mim? - fiquei meio chocado com a pergunta.

— Como assim?

— É que a minha mãe sempre fala que por eu ter esse problema, as pessoas vão querer se aproveitar de mim, me machucar. - fiz ela parar e fiquei a sua frente, segurando suas mãos.

— Eu jamais faria uma coisa dessas com você Carla!

— Então quer ser meu amigo de verdade? - sorriu.

— De verdade.

— Me dá um abraço.

— Você quer? - fiquei com medo de estar forçando um tanto essa situação.

— Não é isso que os amigos fazem?

A puxei calmamente para perto de mim e a abracei. Ela era mais baixa que eu. Não tinha um corpo avançado como o da irmã, mas ainda assim era perfeita. Carla tinha um cheiro doce e parecia um bebê. Seus cabelos compridos iam até metade das costas com alguns cachos e sua pele branca, a fazia parecer uma boneca de porcelana. Seus lábios rosados davam um ar angelical a ela.

Ela me abraçava feliz e sentia a ponta de seus dedos acariciando minhas costas. Deixei-a em casa e fui embora.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora