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Tomás narrando

Cheguei em casa muito chateado com o que aconteceu. Não me sai da cabeça que isso tem alguma coisa a ver com a Cintia. Cheguei e liguei pra ela.

— Alô?

— Me encontre naquela lanchonete.

— Claro lind... - não esperei ela terminar e desliguei.

Se a Cintia fez algo a Carla, ela iria pagar por isso. Entrei no carro e fui até o lugar que marquei com ela. Não demorou muito e logo Cintia apareceu com aquele sorriso falso.

— Oi. - ela veio na minha direção pronta pra me beijar mas desviei.

— Senta! - disse sério.

— Tom, o que houve?

— Você sabe o que houve!

— Não, não sei!

— Carla.

— Não sei nada da minha irmã.

— O que você fez a ela? Encontrei-a hoje e ela me disse que não queria mais falar comigo. E eu tenho certeza que você tem tudo a ver com isso!

— Eu não fiz nada! - ela disse séria.

— Você fez, e vai falar!

— Muito bem então!... Fiz! - Ela me olhou sarcástica — Eu vi vocês dois juntos, quando ela saiu do curso! Eu vi vocês se abraçando!

— Já parou para pensar, que é isso que os amigos fazem?! Ela é minha amiga, Cintia!

— Não! Eu vejo nos seus olhos e no jeitinho idiota dela, que é muito mais! E quer saber? Eu não vou deixar isso acontecer!

—Você é uma vadia!

— Continua! Quanto mais fizer isso, mais eu torno a vida dela um inferno! - olhei incrédulo pra ela. — Você acha que vou deixar minha irmã cega tomar você de mim?

— Você é louca! Não se pode ter alguém! Eu não sou seu!

— Não é? Eu posso fazer você pensar de outro jeito... - Ela fez uma cara sexy.

— Vai se foder! Não vou deixar que faça nada a ela!

—Você quer ir pelo lado mais difícil, né? Então vamos lá. - ela chegou mais perto de mim. — Se você não for meu, você não será dela! Se não fizer o que eu mando, pode ter certeza que o pior vai acontecer a ela! Ah, e tem mais uma coisa, minto para todo mundo que você abusou dela, para completar ainda mais a desgraça!

— Não seria tão baixa! - eu estava quase levantando da cadeira e batendo nela.

— Sim! Eu seria!... Seria não! Vou ser, se você não jogar conforme as minhas regras!

— Carla é sua irmã!

— Minha irmã que adora acabar com a minha vida! Mas agora... A minha hora de brilhar chegou!

— Eu vou denunciar você!

— Não se eu te denunciar antes, por abuso! Pensa nisso: Acabou você, acabou sua carreira que você tanto ama, acabou sua vida... E acabo com a
Carla também! Você vai ficar sem nada!

Eu não podia acreditar. Como fui me meter numa roubada dessas? Mas agora já era. Eu não posso deixar a Carla se machucar.

— Cintia, por favor! Não faz nada com a Carla!

— Então seja meu!

— Porque você tá fazendo isso?

— Vou perguntar novo Tomás! Seja meu, ou eu vou transformar a vida de ambos num inferno sem fim!

— Seus pais vão saber!

— Não! Eles sempre acreditam em mim! Tem muitas coisas envolvidas, que você não sabe!

— A Carla vai se machucar?

— Não se você fizer o que eu mando!

— Tá! Eu faço o que você manda!

— Bom garoto! Agora. - ela se levantou com um sorriso satisfatório. — Porque não me mostra um pouco desse seu jeito animal? Aquele seu jeito que só você tem.

Levantei-me e a segui. Ela me fez transar com ela. Eu fiz de tudo para machucar ela nesse momento, mas a mesma parecia ser imune a qualquer
tipo de dor.

— Sabe de uma coisa? - ela disse enquanto eu dava estocadas fortes nela, pedindo mentalmente que a mesma morresse. — A minha irmã jamais vai saber o que é ter você dentro dela. Ela nunca vai poder gemer, pedindo por você.

— Cala a sua boca! - eu estava enojado.

— A verdade dói não é? Porque Tomás? Você a queria? Ela não se compara a mim.

— Ela é melhor que você em tudo!

— Você tá tentando me machucar é? Saiba que cada vez que faz isso, é uma sensação de prazer maravilhosa que me dá, de um jeito que a Carla jamais irá sentir.

Eu estava fodido daqui para frente. Mas eu não podia continuar assim. Eu tinha que tentar fazer alguma coisa, antes que fosse tarde demais. Em seguida, nos arrumamos e fomos para a casa dela.

— Vamos entrar. - ela disse.

— Eu tenho que ir! - ela segurou no meu pulso.

— Você vem! - segurei no pulso dela.

— Eu vou fazer tudo que está me mandando, mas não me pede isso!

— Você quer que alguma coisa aconteça a ceguinha?

— Não! - disse totalmente vencido.

— Então vem!

Entrei na casa junto com Cintia, e dei de cara com a Vivian que me olhou surpresa. Fiz um sinal com a cabeça para que ela não dissesse que me conhecia, pois seria pior para Carla.

A verdade é que dói não livra-la dessa situação. Mas eu não posso. Eu só queria poder ouvir a voz dela de novo. Ouvi-la rir para mim e me contar um pouco sobre a sua vida.
Vi Vivian falar algo com Carla, e a mesma levantou e segurou sua mão indo em direção ao andar de cima.
Tinha que fazer algo, mas não poderia agir sozinho.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora