Tomás narrando
Hoje Cintia e eu iríamos dar uma volta à tarde. E depois iríamos a uma boate.
Eu já estava cansado demais daquela garota tão fútil. Minha vontade era de colocá-la abaixo dos cachorros e ir embora. Mas algo sempre me fazia repensar sobre essa ideia. Carla.
Toquei a campainha e a pessoa que eu mais queria ver apareceu sorrindo na porta.
— Oi Tomás!
— Como sabe que sou eu?
— Usei meus poderes. - riu
— Claro, os poderes...
— Entra! A Cintia deve estar terminando de se arrumar. - entrei e esperei a mesma a fechar a porta. Só que estava distraído e acabamos dando um encontrão. A sorte foi que eu a segurei antes de cair. Carla colocou sua mãos finas sobre meus ombros e prendeu a respiração.
— Você é bem grande. - ela riu. — Pode me soltar, eu estou legal. - nem percebi mas segurava a cintura dela. A soltei e ela se afastou. — Você quer alguma coisa?
— Não, eu estou bem assim.
— Pode sentar. - sentei no sofá e ela na mesa pois estava "lendo" um livro.
— Você estuda?
— Sim, eu estudo em uma classe especial para deficientes visuais. Não é bem um colégio, é mais um curso pra ajudar a desenvolver habilidades.
— Foi muito difícil aprender...tudo de novo?
— Um pouco, imagina você em um momento sabendo tudo e do nada tem que aprender tudo isso de novo, e de uma forma totalmente diferente.
— Deve ser uma barra.
— Mas eu sei ler em braille agora, eu sempre quis saber como funcionava.
— E como é?
— Vem aqui. - levantei-me e me aproximei da mesa, apoiando-me bem perto dela.
De fato eu não conseguia ver nada, a não ser pontos em páginas brancas.
— "Em vão tenho lutado sem sucesso. Deve permitir que eu te diga o quão ardentemente te admiro e te amo." - ela leu a frase rapidamente, passando os dedos sobre os pontilhados e virou o rosto para a direção que eu estava.
Não estávamos muito longe um do outro. Sentia sua respiração batendo em meu rosto e sabia que ela sentiu a minha pois fechou o olho.
Ela era tão bonita.— O que é isso?! - Cintia chegou de surpresa e me afastei de Carla.
— Oi Cintia, você tá linda. - tentei disfarçar.
— E você também está lindo! - ela olhou pra Carla, séria. — Se você tiver fome sabe onde está tudo. Não saia até nossos pais voltarem. Não abra a porta pra ninguém. Se alguém me ligar não esqueça de me avisar, da ultima vez quase custou meu emprego!
— Mas aquele dia foi um acidente. - Carla tentou explicar para Cintia o que houve, mas foi em vão.
— Acidente? Você quer acabar com a minha vida! Mas quer saber Carla? Eu não vou deixar! Eu não tenho que aturar você!
— Eu não vou deixar você tratar sua irmã desse jeito! - grito alto.
— Mas Tomás, você não sabe quem a Carla é! Ela sempre quer tirar tudo de mim!
— PARA! Vamos antes que eu desista! - levantei minha voz e Cintia saiu batendo a porta. — Carla, você vai ficar bem?
— Eu vou, obrigado...sabe, por me defender.
— Não há de que linda.
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O amor é cego
Teen FictionAos 14 anos Carla perdeu a visão. E após isso sua família se distanciou e a vida perdeu sentido pra ela. Até encontrar Tomás, um baterista de uma banda muito popular, o problema é que o encontro só foi possível por conta de sua irmã, uma garota rud...