30

488 39 7
                                    

Cintia narrando

Era como eu pensava. Tomás anda encontrando Carla. Mas onde?

Enquanto dirigia, fiquei pensando em quem poderia estar ajudando Carla a se encontrar com o Tomás. Vivian com certeza tinha algo a ver. O que não me resta dúvidas de que a velhota da Bete também está ajudando.

Felizmente, eu tenho um plano que não vai falhar. Tornarei a vida da Carla um inferno. Acho que ela não será mais tão bonita a partir de hoje.

Cheguei em casa e estava tudo silencioso. Provavelmente, todos estavam dormindo. Silenciosamente, subi os degraus da escada que levavam até os quartos. Entrei no meu e fui direto nas gavetas do meu armário, onde sem dificuldade achei uma tesoura.
Em seguida, fui para o quarto da Carla onde ela dormia tranquilamente. Chegava a ter uma porra de sorrisinho na cara. Passei a mão por seus cabelos.

— Vamos começar com algo bem simples. - falei enquanto pegava nos longos cabelos castanhos. — Será que o Tomás ainda vai gostar de você sem cabelo?

Lentamente, fui picotando o cabelo da Carla até uma altura em que achei o suficiente para que ela não fosse mais o anjinho lindo que todos amavam.

— Pronto. Agora eu quero ver como vai fazer sem o seu precioso cabelinho. - ri e fui para o meu quarto.

 - ri e fui para o meu quarto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Carla narrando

Abri meus olhos calmamente. Não podia ver nada assim como todos os dias. Mas eu não estava triste. Eu tinha um belo motivo para acordar. Hoje eu não teria curso, e Tomás iria me ver.

Fiquei um tempo deitada pensando no que a Vivian disse. Cometer loucuras. Que tipo de loucura eu poderia cometer com ele? Tudo bem que eu entendi o que ela quis dizer. Mas ele jamais faria isso comigo. Não pelo fato da minha condição, mas pelo fato deu não ser tão bonita quanto as outras garotas. Mas até que se isso acontecer entre nós, não será tão mau. Tomás é o único homem em quem eu confiaria para fazer isso. Sexo. Será que é bom mesmo? Será que dói? Já ouvi muitas vezes que a primeira vez dói. Talvez com ele fosse diferente.

Afastei meus pensamentos, e levei uma das minhas mãos a cabeça. Sentia algo estranho. Quando retirei-a, alguns fios de cabelo ficaram nela.

Passei as duas mãos na minha cabeça para ver o que havia de errado, e me deparei com o fato de que meus cabelos não eram mais compridos.

— Vivian! AI MEU DEUS! - comecei a gritar e a chorar. Alguém cortou meu cabelo durante a noite, e sei exatamente quem foi.

— Carla? Carla? Você tá bem? Acon... Ah não! - Vivian chegou, e seu tom de voz mudou para um tom piedoso. Comecei a chorar desesperadamente.

— Eu não acredito. Por que? - comecei a chorar mais ainda.

Vivian ajudou a levantar-me, e levou-me até o banheiro. Ela sentou-me em uma cadeira e começou a pentear meus cabelos cuidadosamente.

— Essa vadia passou dos limites. Eu vou a policia. Não vou ficar de braços cruzados esperando que algo aconteça. - não conseguia responder, pois estava em estado de choque. — Algumas partes do cabelo estão mais compridas que as outras. Se eu cortar, ele vai passar a ficar na altura dos ombros. Essa vadia...

— Continuem falando mal de mim. - ouvi a voz de Cintia, e me levantei de súbito.

— POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO? EU NUNCA TE FIZ NADA SUA LOUCA. - falava chorando, e com muita raiva.

— Olha só, a ceguinha tem voz. Vai fazer o que? Eu disse que não ia deixar você interferir nos meus planos sua vadiazinha.

— A única vadia que tem aqui é você. - levei um tapa forte no rosto.

— Tomás não vai ficar com você nunca!

— Cintia, vai embora antes que eu chame a polícia. - Vivian tentou me defender, e abraçou-me como se tentasse me proteger. Seus braços ficaram trêmulos.

— Sabe o que tenho em mãos? Uma arma, que eu gostaria muito de estrear com você e essa velha. - ela deu uma pausa, e ouvi seus passos em direção a nós duas. — Se alguma de vocês fizer algo contra mim, atiro nas duas. - ouvi quando ela saiu. Vivian não parava de tremer.

— Calma querida. Fique calma. - Vivian tentou me acalmar.

— Eu quero morrer. - disse me sentando no chão do banheiro. Arrastei-me até encontrar a parede, e abracei minhas pernas.

O amor é cegoOnde histórias criam vida. Descubra agora