Tomás narrando
Estava quase completando um mês que Carla e eu estávamos em lua de mel no México.
De inicio, ficávamos preocupados por conta da Cintia. Tínhamos medo dela querer machucar alguém e não podermos estar lá para ajudar. Mas sempre que enviava qualquer mensagem ou ligava para o Edgar, a resposta era sempre a mesma: nenhum sinal dela.
Logo, acabamos esquecendo e relaxando naquele paraíso a nossa volta. O que me levou até mesmo esquecer das minhas obrigações que teria assim que voltasse.
Era engraçado estar casado. Até porque, sempre disse que nunca seria homem de uma mulher só. Mas agora eu via tudo de modo diferente. É como se nenhuma mulher no mundo fosse melhor que a Carla. Quando saíamos, era óbvio que ainda recebia aquelas olhadas das outras mulheres. Olhadas não. Praticamente, era quase comido com os olhos. Mas não sentia interesse em nenhuma delas, porque tinha a melhor mulher do mundo nas mãos.
— Como eu to amando esse lugar. - Carla falou com os braços esticados para o alto, enquanto caminhávamos na praia.
— Vamos dar um passeio de barco? - falei olhando o mar.
— Gostei. - ela sorriu.
Aluguei um dos barcos que estavam disponíveis e subimos a bordo. Ele foi em direção ao mar e chegamos a uma área onde a água era tão clara que podia ver os peixes nadando.
— Daqui a pouco vão aparecer golfinhos. Fiquem de olho. - o rapaz que dirigia o barco falou e fiquei olhando pra água.
— "Fiquem de olho"- Carla imitou o cara e entendi a piada. Como ela começou a rir, fiz o mesmo. — Já tá vendo alguma coisa? - ela perguntou tentando ouvir alguma coisa.
— Não. Ainda não vi nada. - continuei prestando atenção e foi então que vi um golfinho saltando não muito longe de nós. – Já estou vendo. - falei para ela, que começou a prestar atenção.
— Eu to ouvindo. - ela riu e vi três perto do barco. — Tom, não dá pra ir até lá? - ela perguntou.
— Acho que sim. Espera aqui. - fui falar com o cara do barco, que disse que era seguro nadar naquela área. Voltei pra perto da Carla. — Vamos. - tirei a camisa. Ela tirou a blusa e o short, então pulei primeiro para ajuda-la.
— Lembre-se de que não sei nadar muito bem. - ela sentou-se e colocou os pés na água.
— E você lembre-se de que tem o melhor homem do mundo nas suas mãos, que vai estar sempre aqui pra te segurar. - segurei as mãos dela, que entrou na água.
— Que convencido. - ela gargalhou colocando os braços em volta do meu pescoço.
— Mas é verdade. Sou um marido exemplar.
— Enfim, você é o melhor marido do mundo. - ela me deu um beijo que pegou no canto da minha boca.
— Foi no lugar errado. - fiz uma voz triste e a beijei. — Caramba. - falei parando o beijo.
— O que? - ela perguntou preocupada.
— Me dá sua mão. - ela soltou um braço e peguei em sua mão. Com o outro, ela ainda se apoiava em mim. Havia um golfinho passando do nosso lado e coloquei sua mão por cima dele, que fez aquele som bonitinho.
— Ai meu Deus. - ela riu. – Que fofo. - começou a acaricia-lo.
Era engraçado como cada gesto da Carla me fascinava. O jeitinho dela sempre tão carinhoso com tudo. Até a maneira dela de implicar comigo era algo carinhoso.
Fiquei observando cada detalhe de seu rosto. O sorriso e a risada mais contagiante. O nariz fino. Os olhos em um tom de verde claro, que infelizmente não podiam contemplar as coisas que estavam a sua volta. A pele branquinha e o cabelo castanho claro lisinho, que antes era muito comprido. Do nada fiquei irritado. Devia tê-la tirado de lá antes da Cintia ter feito isso. Sou um idiota.
— Tomás? - ela me chamou e acordei daquele devaneio. – Você está tão quieto.
— Eu só tô pensando. - toquei seu rosto e ela sorriu.
— Eu estava aqui falando com meu novo amigo e acho que vou ficar aqui com ele, sabe? - ela disse séria.
— Ficar com ele como?
— Eu me apaixonei por ele, e ele tá apaixonado por mim. - ela disse séria, mas um sorriso brotou em seu rosto e vi que estava brincando.
— Olha Sr. Golfinho, eu sei que ela é linda demais. Também sei que ela é um amor e devo acrescentar de que ela é gostosa. - Carla gargalhou e a apertei contra o meu corpo. – Mas ela é só minha.
— Escutou o que ele disse? - Carla acariciou o golfinho. – Não dá pra ficarmos juntos.
Depois que ela disse isso, uma coisa meio inesperada aconteceu. O golfinho mergulhou e ficou um tempo sumido.
— Viu o que você fez Tomás? - Carla fez um bico. – Acabou com a minha amizade.
— A culpa é minha se ele quer ficar justamente com a minha mulher? - eu ri e vi aquele vulto na água. – Acho que ele voltou. - foi falar isso e o bicho tacou água, cuspiu... Não sei. Só sei que mirou diretamente na minha cara. Carla começou a dar aquela risada alta, engraçada e fofa.
— Parece que vocês já fizeram amizade. - ela continuou rindo. — Você jura que tá rindo? - falei passando a mão no rosto.
— Sim. - ela riu fofo e colocou o outro braço em volta do meu pescoço. – Você tá bem?
— Tô legal. - falei olhando pra água, com uma voz séria.
— Você não está querendo se vingar tacando água no golfinho né? - ela riu e a minha cara passou de fechada pra um sorriso, que logo virou uma risada. – Ai Tomás. - ela gargalhou e me abraçou. — Eu nunca iria te deixar. - Caa riu e fiquei olhando para aqueles olhos, que muitas vezes me esquecia de que não podiam me ver.
— Acho bom mesmo. - falei bravo e o sorriso dela se desfez. – To brincando linda. Quer dizer, brincando em parte. Só não me deixa ok? - ela gargalhou e lhe dei um beijo calmo. Passei a mão pelas suas costas com calma e ela suspirou. Foi então que senti outro jato de água que veio certeiro, em nós dois.
— Que maravilha. - ela disse rindo. –Obrigado meu amiguinho. - disse irônica e rindo depois. –bQuer dizer que sou gostosa?
— Com certeza. - A puxei mais uma vez e senti alguma coisa me cutucar nas costas. – Esse golfinho só pode ser a versão mais legal da Cintia. Ela era assim. Não podia encostar a mão em você, que a mesma parecia um cão farejador e logo sabia de tudo. - rimos e continuamos ali mais algum tempo.
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O amor é cego
Teen FictionAos 14 anos Carla perdeu a visão. E após isso sua família se distanciou e a vida perdeu sentido pra ela. Até encontrar Tomás, um baterista de uma banda muito popular, o problema é que o encontro só foi possível por conta de sua irmã, uma garota rud...