Capítulo 38 - Eu prometo.

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Continuava a mexer com o PEDDE em suas mãos, praticamente a única coisa que fazia nos últimos dias. Lembrava-se quando era criança e gostava muito de um chaveirinho em forma de uma luva de boxe que seu irmão lhe entregou de presente. Sentia que fazia a mesma coisa, mexia com um objeto que pertencia a alguém que gostava muito, esperando que assim diminuísse um pouco a dor que sentia no peito.

— Eai Dylan, quem morreu, em? — perguntou Mathias, sentando na mesa.

Ele olhou para os lados esperando ver P50. Ele não ficaria nem um pouco feliz de ver o rapaz sentado em cima do seu computador, ou como chamava "meu bebê". Mathias não se importava, o conhecia bem, cresceram juntos.

— Ninguém morreu — respondeu, com convicção.

Mathias franziu o cenho. Ele tinha retirado o casaco, mostrando seu corpo para quem quisesse ver. Não que tivesse muitos movimentos na sala, estavam todos descansando para o grande dia. A única que não tinha tempo era E35 que tentava arranjar flechas tranquilizadoras e outro set de flechas que possibilitaria Mathias matar os Lampírios, e claro os óculos que o ajudaria a enxergá-los.

Era muita coisa, não era à toa que a garota estava só o cansaço, demorando algumas vezes para raciocinar direito. Não tinha parado um momento, pelo menos agora P50 a ajudava, o que o confortava um pouco. Provavelmente terminaria isso com maior rapidez.

— Já sei — disse, estalando a língua — Tu levou um fora, não é?

Ele deu um pequeno sorriso e deitou na mesa. Mathias sempre carregava uma bolinha que gostava de ficar brincando. Trazia um conforto vê-lo ali, tinha se acostumado com sua presença e notava o quanto sentia sua falta. Mathias era um guerreiro, sempre havia sido, desde o começo. Era bem parecido com seu irmão.

— Pelo seu silêncio, aparentemente estou certo — disse, lançando a bolinha para cima.

Ele costumava sempre ficar preparado para lutar, seu arco e flecha posicionado contra a coluna do apartamento, a alguns metros de si. Tinha retirado o pedaço de tecido que gostava de amarrar no braço e na cabeça, e vestia uma calça jogger preta. Suas tatuagens cobrindo diferentes lugares do seu corpo, a maioria eram nomes, um em específico o chamava atenção.

Roddy, era o nome do seu irmão, e estava gravado em sua pele na altura do bíceps. Ele tinha várias daquelas, nenhum gravado de maneira exagerada, como se via na cidade. Desenhadas de uma maneira normal, nem grande, nem pequena. Conseguia reconhecer praticamente todos os nomes gravados no seu corpo, suas perdas também havia sido sua própria.

— Eu não recebi um fora.

— Hum... Isso é surpreendente — disse, com um sorriso.

Dylan se deitou ao lado do Mathias, sem se importar muito, deixando o PEDDE de lado. Conhecia aquele objeto de todos os possíveis ângulos, o que não sabia era o que havia dentro dele.

— Então o que aconteceu?

— Ela meio que morreu... Mas não morreu exatamente — disse, suspirando — É confuso.

— É por isso que você olha tanto para esse treco? — perguntou, apontando para o PEDDE.

Fez que sim com a cabeça. Mathias parou de lançar a bolinha, pensativo.

— De qualquer maneira, se ela ainda estiver por ai, tu vai achar uma maneira de trazer ela de volta — disse, voltando aos lançamentos.

Fixou o teto, esperava que sim, sentia falta dela, todos os dias.

— Tu não prendeu a Laura de castigo em algum quarto, certo?

Laura era a irmã mais velha do Mathias, eles eram muito próximos um do outro, a garota não lutava muito, mas mesmo assim gostava de participar da ação, chefiando várias rebeliões. Mathias tentava manter ela o mais longe possível do perigo, mas Laura como irmã mais velha, tinha maior autonomia e fazia exatamente o que desejava.

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