Capítulo 23 - A dor é o preço por amar.

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Sua mão suava enquanto andava pelos corredores silenciosos do Hotel Matriz, não conseguia parar de pensar em ES8, lembrando-se do seu rosto, o cabelo castanho normalmente preso em um rabo de cavalo, os músculos de seus braços, seus grandes olhos e seu sorriso, sempre descontraído, como se nada realmente importasse.

A memória mais clara que tinha era o último dia antes de sua morte, elas subindo o elevador, preparadas para o que quer que viesse. Agora finalmente tinham algo que ligaria a ela, talvez uma chance de recuperá-la.

L4 andava ao seu lado sem fazer muitos comentários. Nenhum dos dois tinham o que dizer sobre o que havia acabado de ouvir. Eles andavam em longos passos. P50 havia saído após a notícia voltando para o quarto. Haviam sido o mais rápidos possíveis na volta para o Hotel Matriz.

O olhar de M10 e E35 focaram nela, quando finalmente entraram no quarto. A Médica deu um pequeno risinho, olhando para o L4, que fez a menina se perguntar se ela sabia de algo ou simplesmente, transparecia em seu rosto. Mas não era hora de pensar nisso. P50 estava ao lado das meninas, uma tela, como sempre, em sua mão, ele levantou a cabeça para olhá-los.

— Cadê o Pi14? — perguntou L3. 

Se pudesse ter certeza de alguma coisa seria que o rapaz nunca perderia o momento que mais ansiava, desde que foi acusado injustamente de ser o traidor e descobriu que a Escudeira estava viva.

— Ele não estava por perto e talvez... Eu não ache a melhor opção contá-lo — respondeu P50, com vários olhares confusos surgindo em sua direção — Pelo menos não agora.

O quarto estava um pouco mais organizado, praticamente intacto, era o mesmo que todos haviam dormido na primeira noite. Os Escolhidos fizeram uma rodinha ao redor do rapaz, que abriu um meio sorriso e começou a explicar.

— Eu finalmente consegui acessar o pen drive. Viva George o desgraçado que mesmo morto me trouxe um grande trabalho — Ele colocou a mão na testa, exausto — Eu comecei a olhar e primeiramente não havia nada relacionado a ES8, então eu meio que surtei... Até que eu vi algumas coisas que não faziam exatamente sentido.

Ele puxou a foto de uma mulher de cabelo e olhos pretos, bem vestida, com um terno feminino, entrando dentro de um carro junto com duas crianças ao seu alcance. Ela aparentava ter trinta e poucos anos, talvez quarenta e segurava a mão da menor criança que tinha no máximo sete anos.

— Essa mulher tem liderado algumas das revoluções contra Imperatore ao longo de seis meses, a única que se impôs. Ela ganhou muita credibilidade, e tinha um time, trabalhando com parceiros. Todos sumiram dois meses atrás, inclusive seus filhos.

— Família DeLuca. Micaela comentou sobre eles quando eu cheguei — disse L4.

Esse nome parecia familiar. L3 não conseguiu evitar pensar nas crianças, e o destino provavelmente o seguiram, a alguns palmos da terra. Seu coração doeu com o pensamento, ela olhou novamente para a mulher, lembrando-se.

— Alice DeLuca.

— Isso — P50 a olhou, curioso — Você a conhece?

— Só por nome — respondeu, os braços cruzados contra seu corpo — Uns homens estavam falando sobre ela quando eu fui comprar comida. Se ela é assim tão importante para os humanos, como a gente não a conhecia antes?

— Não é como se estivéssemos por dentro do que os humanos fazem.

— Eles estão mortos? — perguntou E35, os olhos tristes.

Era o que todos pensavam, nenhuma pessoa que já competiu contra Imperatore teve a sorte de permanecer vivo, ainda mais por dois meses. O olhar de Alice emitia simpatia, L3 deu um meio sorriso, respeitava a mulher, apenas alguém corajoso teria feito o que ela fez, ainda mais com uma família a qual cuidar.

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