Última Parte

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— Eu sempre pensei que eu era assombrado — começou. Nervosismo não encaixava muito bem com seu rosto, mas mesmo que tentasse esconder, havia um pouco ali. Ele abriu um sorriso — Acho que todos os Escolhidos já pensaram nisso em algum ponto da vida.

Todos riram. Stella limpou algumas lágrimas do seu rosto. Letícia continuou a observar os dois no altar. Alice tinha feito um ótimo trabalho, ela transformou o parque em um lugar ainda mais bonito. Luzes foram penduradas nas árvores, iluminando, e fazendo um arco em cima do altar. Flores foram espalhadas e algumas cadeiras colocadas, não eram muitas, apenas para os convidados.

Não sabia se tinha sido a pedido do noivo, mas havia um piano a alguns metros de si. E o caminho até o um pequeno lago estava bem iluminado, com pequenas luzes no chão, como vagalumes. O céu não estava nem claro nem escuro o suficiente, o perfeito momento para um casamento. Era simplesmente lindo.

— Depois da euforia de ser Escolhido, começou também o medo, saber que ninguém tinha vencido, dava uma sensação de impotência — disse Vitor — Mas junto com o medo e um objetivo, eu também ganhei uma família...E uma noiva. A mulher que eu mais amo nesse mundo.

Sentiu o olhar de Luccas e o correspondeu, vendo o seu pequeno sorriso. Ele estava lindo, vestia um terno preto justo e uma gravata vermelha, com uma flor pendurada no bolso. P50 também estava de terno, mas parecia um pouco mais folgado no seu corpo, apesar de ter certeza que ele pegou o menor número. Ele tinha um sorriso bobo no rosto e segurava um lenço, seu cabelo ondulado estava um pouco mais curto, mesmo assim, batia na sua testa.

Queria poder se olhar no espelho mais uma vez, mas sabia o que veria. Por pedido da noiva, tiveram que ir de vestido vermelho. Poderia ter escolhido o estilo do vestido, mas não se importava muito, só queria estar ali no momento. Seu vestido era aberto do lado, revelando sua perna direita, agora marcada por uma longa cicatriz. Ela evitava olhar para a cicatriz, não trazia exatamente boas lembranças, mas era uma marca que teria para sempre como memória do que aconteceu.

Seu pescoço também mostrava uma cicatriz, era um pequeno furo na sua garganta, não muito profundo. Em alguns anos talvez se tornaria bem difícil de ver. Ela segurava um buquê nas mãos e sorria de verdade. Era bom aquela sensação de dever cumprido. De poder se preocupar com coisas que nunca imaginou que teria para si.

Afastou o olhar de Luccas e focou nas palavras.

— Eu não pensei que toda essa minha má sorte se tornaria em algo tão lindo. Que algum dia eu me consideraria uma pessoa diferente... Que você mudaria totalmente a minha sorte... Eu te amo Anne, e sempre te amarei.

Vitor olhou para trás, esperando o anel, mas P50 estava muito ocupado limpando suas lágrimas. Ele se adiantou notando o foco em si, e puxou do bolso uma pequena caixinha.

— Lindo discurso, irmão — disse, com uma voz baixa, praticamente um sussurro — Lindo discurso.

Ele passou a caixinha para Luccas que abriu um pequeno sorriso e entregou ao Vitor. Suas mãos tremeram de leve enquanto abria a caixa e de lá puxou um lindo anel. Parecia o anel que tirou de Imperatore, mas uma luz roxa que emanava. Vitor segurou sua mão com cuidado, um grande sorriso no rosto.

— Anne, você aceita se casar comigo?

Letícia segurou suas flores com um pouquinho mais de força, sabia qual sua resposta seria, porém, tinha medo que talvez ela estivesse em dúvida. Mas existem algumas coisas que se sente com toda a certeza.

— Sim — respondeu.

Ela contemplou o anel descansando em seu dedo por um segundo e começou a falar.

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