Capítulo 4 - Por amor

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Os dois voltaram para o largo corredor da T.O.C.A, passando pela grande sala. P50 era o único lá, ele não olhou para eles, parecia muito focado em alguma coisa. Os dois continuaram, pegando o corredor da esquerda. 

A garota parou, uma grande janela a chamando atenção, posicionada exatamente para o corredor. Era um laboratório, aparentemente abandonado, frascos espalhados, alguns quebrados, parecia não ser limpo em alguns anos.

— Não temos mais cientistas, então a sala está abandonada a algum tempo — disse L4, notando seu olhar.

Havia uma porta na direita, onde a janela acabava, também de vidro. L3 quis entrar. Algo a chamava atenção, como se conhecesse bem aquele lugar, apesar de não conseguir se lembrar se havia entrado ali em algum momento da sua vida.

L4 continuou pelo corredor e ela o seguiu, apressando o passo para chegar ao seu lado, eles continuaram até o final, onde tinha uma porta marrom.

— E aqui é a enfermaria — disse L4, apontando para a porta — Você vai gostar de conhecer M10. Como eu disse, os médicos são sempre os melhores de nós.

A garota fixou a porta.

— Bem, até mais tarde — concluiu, afastando-se e voltando pelo mesmo corredor.

L3 observou o rapaz até o final do corredor, sumindo completamente de vista, seus olhos pararam novamente na porta, por alguma razão seu coração se apertou. Ela suspirou, estava sozinha no corredor, só tinha um caminho para o qual seguir.

Um pouco relutante, empurrou a porta. O lugar não era nada demais, tinha várias camas espalhadas em um salão com o teto bem alto, alguns lustres presos ao teto, iluminando o lugar com uma luz amarelada. Havia uma mesa a alguns metros de si, junto com um bebedouro e do lado oposto um armário gigantesco.

Um pequeno barulho a chamou atenção, um xiado, ela olhou para uma das camas perto do armário, a única que não estava vazia. Não sabia o que fazer, não queria incomodar ninguém. Passo por passo decidiu ir embora, mas já era muito tarde e um par de olhos azuis a olhava, virando o corpo com dificuldade para o seu lado, a cama rugindo novamente.

— Você não precisa ir, eu não vou te atacar — disse uma voz tremida e doente.

Era uma menina. Ela forçou um sorriso e se sentou devagar. Sua mão foi até a borda da cama, batendo três vezes, um pedido para L3 se aproximar.

A garota ainda com a mão esquerda na porta, ficou congelada pensando no que fazer. Como decidiu não ser mais idiota com ninguém, aproximou-se. De perto a aparência dela era ainda pior, seus olhos azuis estavam com grandes olheiras, seu rosto amarelado e a blusa ensopada de suor. Ela possuía uma grande cicatriz do lado esquerdo em linha quase reta da sua sobrancelha até a boca, era o único machucado que não parecia ser recente.

L3 parou ao notar a sua feição, virando de costas e indo até o outro lado em direção ao bebedouro, voltando a se aproximar da menina, com um copo de água.

— Obrigada — disse a menina, com um sorriso, bebendo a água com dificuldade.

— Eu posso voltar mais tarde se você preferir.

Não era exatamente uma pergunta, era mais um desejo.

— Claro que não, está tudo bem. Estava querendo uma companhia mesmo — respondeu, com um sorriso ainda maior.

L3 pegou um banquinho e a posicionou em uma boa distância da menina.

— Então você é M10?

— Sim, senhora! Deve estar sendo meio louco para você ter que aprender tudo novamente.

A garota olhou para o chão.

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