Parte III

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Corria o mais rápido que conseguia, os pés pisando em algumas poças de água, respingando em sua calça. Conseguia ouvir o barulho de cada passo apesar do seu coração bater ainda mais forte em seu ouvido. Suor caia do seu rosto junto com a pequena chuva que descia, ele limpou o rosto tentando enxergar a pessoa que seguia.

Parou, olhando para todos os lados, freneticamente tentando encontrar. Um movimento de capa mostrou onde estava, ele voltou a correr, entrando no beco. A cidade estava começando a se acalmar depois de tudo que havia acontecido, depois da luta dos Escolhidos. Infelizmente vários Humanos haviam morrido nas mãos de Imperatore, mas os Sextos haviam voltado ao normal, o que era uma notícia boa em meio a tudo que acontecia.

Pela primeira vez em muito tempo a população tinha todos os detalhes do que ocorreu, de como Imperatore governava. Alice DeLuca estava fazendo questão de mostrar a todos, desde que tinha assumido o dever como a líder temporária, em todas as telas passava a explicação, inclusive a queda da Quinta Torre. As pessoas estavam, pouco a pouco, perdendo o medo de sair de casa, e os becos estavam começando a lotar novamente, o que no momento não o alegrava muito.

Bateu ombro a ombro com uma pessoa, não notou quem era, apenas gritou um pedido de desculpas e continuou a correr. Sua perna esquerda já estava mais pesada que o normal, pediu em voz baixa que acabasse logo. Ele franziu o cenho, o beco não tinha saída. Conseguia ver a capa subindo o muro. Fez a mesma coisa, usando um impulso na parede se segurou no muro. Ficou de pé, equilibrando-se. Precisou andar um pouco até cair dentro de uma varanda. O homem pulou, caindo em outra casa. Repetiu a mesma ação, agradecendo quando caiu no cimento. Ele fez um rolamento, puxando a arma da cintura, mas o homem já tinha saído de sua visão.

Foi até a beirada, olhando para baixo. Ele tinha escorregado e entrado em outra casa. Era até impressionante o físico que tinha. Desde que o havia encontrado onde agora, supostamente, era sua casa, não havia parado para descansar. Deu alguns passos para trás e deslizou no concreto, caindo na casa a alguns metros para baixo. A cidade era tão grande, com tantas pessoas que as casas costumavam ser próximas umas das outras.

Se levantou, começando a se irritar. Correu no meio da sala, desviando na mesa e pulando em outra casa. A geladeira estava jogada no chão, atrapalhando sua passagem, ele pulou, já usando o impulso para fora da janela, sem saber o que tinha. Acabou se pendurando na varanda, pensou em se impulsionar, mas dessa vez o homem tinha decidido descer. Ele se soltou, caindo forte no chão. Mesmo com o rolamento a altura era alta. Sentiu seu joelho doer, mas mesmo assim continuou. O homem também tinha sentido, começando a mancar. Estava chegando mais perto.

Apressou o passo, sentindo o vômito subir na garganta. Ele segurou o capuz do homem e o jogou para trás o mais forte que conseguia. Ele caiu de costas, em uma das poças, encarando-o pela primeira vez.

— Ah, pra que isso? — perguntou, olhando para a sujeira no sobretudo — Era novo.

Seu rosto esboçou um sorriso e ele chutou Dylan no peito. Recuou alguns passos, respirando firme, enquanto assistia ele voltar a correr.

— Eu não faria isso se fosse você — gritou.

Pareceu não ligar para o aviso. Uma flecha passou perto do seu corpo, atingindo o barro ao lado do seu pé. Ele parou no mesmo instante, começando a olhar em volta, principalmente em cima dos prédios. Dylan andou até ele, voltando a respiração ao normal, seu peito ainda ardia, mas a vontade de vomitar já tinha passado. Ele tocou na flecha, puxando do chão.

— Eu ouvi uma história engraçada sobre seu histórico com flechas... Zen — disse.

Zen fixou seus olhos, parecia com raiva e curioso ao mesmo tempo.

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