México

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Virgínia

Já estava escurecendo quando as pessoas chegaram, quando as luzes foram ligadas, quando a música começou a tocar. Lembro de ter ouvido da minha mãe que Rose e Julieta ficariam lá em cima, por causa da festa.

Passo a mão pelo meu vestido roxo escuro e sinto o vento passar pela minha nuca livre de cabelos, os prendo em um rabo de cavalo depois de fazer uma pequena trança na lateral. Estava querendo achar que estava bonita, mas os olhares que me davam diziam outra coisa.

Me aproximo da mesa de bebida e pego um copo transparente puxado para o azul, encho dois dedos de tequila e o resto com um suco azul que deve ser de amora ou algo assim.

-Ei.- Luna segura meu braço.- O que é isso na sua bochecha?

Toco minha bochecha e sinto a dor se espalhar, o hematoma do aviso do meu pai resolveu aparecer essa noite. Não estava grande coisa, uma macha roxa perto do meu maxilar, nada que a maquiagem não pudesse aliviar.

-Cai da cama.- falo e ela emite um som de que entendeu.- Você está linda.

-Obrigada.- ela toca o vestido verde.- Ouvi falar do seu casamento com Mauro.

-É, ele foi um cavalheiro em me perdoar e pedir minha mão.- falo calma e ela me observa.- O que?

-Você parece um robô quando fala assim.- ela explica e sorrio.- Papai disse que Nico chegava a qualquer hora, e avisou que trouxe um amigo. Também italiano.

-Não entendo, Vegas é para ser um lugar cheio de americanos ou italianos?- pergunto e ela ri.

-Tem muita gente de todas as nacionalidades.- ela explica.

-Você lembra dele?- pergunto.

-Não o vejo há um tempo.- ela suspira.- Mas ainda lembro que ele é bonito. Os cabelos loiros e olhos verdes.

-Um príncipe.- ironizo e ela bate o cotovelo na minha lateral.- Parece normal.

-Papai gosta de chamar ele de príncipe da máfia.- ela fala calma.- Talvez ele seja um príncipe.

-Eu sei onde seu príncipe está.- olho para Hernandes.- Contou a ele?

-Vou contar antes de falar com Nico, na manhã seguinte.- ela respira fundo, para se fazer de forte.

-Ele chegou.- meu pai nos puxa.- Fiquem paradas, quietas e sorriam.

-Ficamos paradas, quietas ou sorrimos?- pergunto e ele me encara com raiva.

-Nico!- ele o chama.

Luna tinha razão, olhos verdes e cabelos loiros, é bem incomum por aqui, e ele é um pouco bonitinho na minha opinião. O homem ao lado dele tem cabelos claros também, só que mais escuros, e tem um olhar divertido.

-Xavier.- ele fala em inglês e percebo que vou ter que caçar o meu, o aprendi há anos atrás.

-Essas são minhas três filhas mais velhas.- ele nos mostra na ordem.- Luna, Joana, Virgínia.

-Virgínia.- ele fala surpreso.- Não é comum aqui.

-Está me chamando de incomum?- pergunto e os olhos dele brilham.

-Virgínia.- meu pai ri e me belisca.- A mãe dela tinha acabado de visitar o estado e o achou lindo.

-Não é o melhor dos estados para se ter o nome.- o cara ao lado fala e faço careta.- Fez careta para mim?

-Virgínia!- meu pai me puxa.- Licença.

Sou puxada pela multidão e olho por cima do ombro, Nico ainda está com os olhos verdes curiosos em cima de mim, mesmo quando Luna está falando com ele. Viro meu rosto sentindo as bochechas ardendo e sinto o apertão do meu pai.

A Obrigação - 5° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora