Planos

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Virgínia

-Então, eu não entendo.- Cecília caminha comigo no shopping.- Papai vai se aposentar?

-Seu pai e sua mãe.- corrijo.

-E escolheram Nico, que teve uma crise de pânico, para assumir.- ela sorri.

-Você queria?- levanto as sobrancelhas.

-Ah, não, quero estar bem longe de qualquer negócio, só quero o dinheiro e o conforto.- ela mostra as sacolas.- Mas ainda é muito engraçado, sabia que papai estava cheio de estresse, mas a ponto de se afastar...mamãe deve estar maluca de preocupação.

-Você devia ir ver ele.- digo.- Ficou muito preocupado quando soube que seu apartamento pegou fogo.

-Ah, eu já falei com ele, mas acho que vou fazer uma visitinha hoje.- ela afasta uma mecha de cabelo dourada.

-E o apartamento?- pergunto.

-Encontrei outro mais bem localizado.- ela sorri satisfeita.

-E Marco?- levanto as sobrancelhas.

-Quem é esse?- ela fala e sorrio.

-Cecília, não pode fingir que não o conhece, isso é... infantil.- falo tentando acompanhar.

-Não posso?- ela sorri.- Me observe. Já fingi isso com tantas pessoas que fiquei boa.

-Eu sei que acha que está se protegendo, mas isso só vai piorar tudo...

-Bem, ele me pediu especificamente para esquecer tudo.- ela me encara.- Então, isso não vai piorar tudo, vai melhorar.

-Ok, se você acha.- respiro fundo.

-E você?- ela volta a andar mais lenta.- Já está tomando o anticoncepcional?

-Não.- abaixo a cabeça.

-Mas estão usando camisinha?- ela ajeita as sacolas.

-Também não.- tento sorrir.

-Ok, então vocês vão ser papais logo.- ela fala com sarcasmo.

-Olha, você não está ajudando.- suspiro.- Eu e ele conversamos sobre isso, mas...ficou tão aberto. E agora eu não sei se tomo ou não, acho que devia tomar, né? E devíamos começar a usar camisinha...

-Ok, você está perdendo a cabeça.- ela segura minha mão.- Precisa relaxar.

-Relaxar como?- franzo as sobrancelhas.- Não sei como, mas acho que vou explodir.

-Isso por que você está fazendo Nico relaxar e não está fazendo o mesmo.- ela finalmente entra no salão do shopping.- Vamos ter um dia das meninas, só nós.

-Não devíamos ligar para Nina?- pergunto.

-Ela está...ocupada.- Cecília parece pensar muito.

-O que está fazendo?- fico curiosa.

-Nina foi falar com um amigo e não quer ser incomodada, desligou o celular.- ela suspira.

-Um amigo.- semicerro os olhos.

-É isso o que soube e é isso o que vou contar.- ela sorri.

-Senhorita Martinelli.- a recepcionista sorri e parece nervosa.- Que prazer tê-la de novo aqui.

-Claro que sim.- ela sorri.- Eu quero pé e mão, com massagem.

-Só para você?- ela me ignora totalmente, acho até que me lança um olhar meio nojento.

-Não, para minha cunhada também.- ela apoia os braços no balcão.- E se eu fosse você, trataria ela muito bem, meu irmão não está muito paciente esses dias.

A Obrigação - 5° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora