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Virgínia

Passo algumas folhas e começo a escrever no computador o que eu marquei de rosa, mordo o lábio enquanto ouço alguém entrar no escritório e parar de repente. Levanto os olhos até a figura e abaixo os papéis na minha mão.

-Sim?- digo.

-Onde está Nico Martinelli?- o homem parece estar com vontade de rir.

-Saiu.- cruzo as pernas.- Pode falar comigo.

-Vou esperar ele voltar.- diz se virando.

-Impossível.- sorrio e ele olha para mim.- Você só vai falar com ele se estiver devendo ou com vontade de perder um membro, é isso que quer?

-Não...

-Então, é comigo que você vai falar.- falo calma.

-Eu não sabia que ele tinha contratado uma assistente...

-Esposa.- o observo.- Eu sou esposa dele.

-Ah.- ele faz careta.- Onde está Matteo?

-Vou deixar bem claro.- levanto apoiando as mãos na mesa.- Você fala comigo se quiser fazer negócios. É isso que você quer?

-Isso.- assente.

-Então, você fala comigo.- aponto com o queixo para a cadeira.- Podemos ou você vai ser mais machista?

-Eu...

-Pare de gaguejar.- digo irritada e os seguranças riem dele.- Sim ou não.

-Ok.- ele senta na cadeira.

Os seguranças fecham as portas e o observo enquanto ele ajeita o casaco de forma nervosa. Nico me ensinou algumas coisas, e Cecilia estava me treinando desde cedo para começar a falar coisas que deixam as pessoas com medo, como tudo que falei.

-O que você quer?- pergunto.

-Eu queria permissão para pegar um quilo de drogas.- explica.- se você for ver meu registro, eu sempre pago tudo adiantado e entrego cinquenta por cento do lucro para vocês.

Olho para o computador e o reconhecimento facial já está dando a ficha dele, parece que sempre faz as coisas bem certas e entrega todo o dinheiro, mas Nico e Matteo deixaram uma anotação de que ele pode ser meio grosseiro se é negado.

-Bem, tem pessoas que rendem bem mais que você.- digo.- E faz um mês que já não pede nada, então posso presumir que ou ficou entediado ou acabou a droga.

-Eu vendo a droga...

-Ou você pega a droga, paga e metade dela você usa e a metade que deveria nos entregar vende.- o observo e ele limpa a garganta.- Estou errada?

-Vocês continuam tendo lucro.- fala baixo.

-Não, acho que isso nos faz perder a grana.- me ajeito na cadeira.- Quer dizer, damos milhares em droga e recebemos apenas sessenta por cento dessa comissão. Então perdemos droga que podíamos estar vendendo por mais.

-Nico e Matteo me deixariam ir...

-Bom, você não está vendo Nico e Matteo aqui, está?- levanto a sobrancelha.

A Obrigação - 5° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora