Jantar

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Virgínia

Nina passa o dedão por baixo do meu lábio para tirar o batom em excesso e tento não demonstrar que estou nervosa, mas o salto está batendo no chão de maneira nervosa e a faz sorrir. Cecília me estende o sobretudo creme para cobrir o vestido branco que eu peguei emprestado dela.

-Você está incrível.- Nina fala animada.

-Obrigada.- tento sorrir.

-O que você tem?- Cecília fala comendo sorvete.

-Eu estou nervosa.- admito.

-Para sair com Nico?- Cecília faz careta.- Acredite, é ele quem vai ficar nervoso quando vir você.

-É, verdade.- Nina assente.

-Não sei o que fazer nesses jantares, nunca sai com alguém.- afasto uma mecha de cabelo do rosto.

-Você vai se dar bem.- Nina me encoraja.- É só conversar com ele, aproveitar a comida e deixar que ele deixe você na porta e pronto.

-É, pronto.- Cecília fala sarcástica.

-Como assim?- olho para ela.

-Nada, nada vai acontecer essa noite além do que Nina falou.- ela me tranquiliza.

-Ok, então.- ouço a buzina.- Obrigada por me ajudarem.

-De nada.- as duas falam juntas.

Abro a porta da casa e vejo Nico saindo da Mercedez com a capota aberta, sorrio quando ele dá a volta no carro e encosta o corpo para abrir a porta para mim. Caminho até ele sentindo seus olhos em mim, esses dias sinto aqueles olhos em mim mais que o normal.

-É um sobretudo bem longo.- ele murmura.

-Cecília disse que era melhor fazer surpresa com o vestido.- explico parando na frente dele.- Algum problema?

-Não, estava só ansioso para saber o que você vestiria essa noite.- ele passa a mão pelo queixo e percebo que tirou a barba por fazer, ele fica melhor sem.

-Você fica pensando no que eu vou vestir quando vai me encontrar?- franzo as sobrancelhas.

-É exatamente isso.- assente.- Deito na cama e fico encarando o teto, pensando em qual das peças que eu peguei naquelas sacolas você vai colocar no seu corpo.

Um calor estranho toma meu corpo, descendo entre meus seios e indo até o meio das minhas pernas, as aperto com força e respiro fundo entrando no carro. Nico sorri confiante e fecha a porta depois de eu colocar o cinto, então dá a volta e entra pelo outro lado.

-Onde vamos?- pergunto.

-Decidi mostrar a você um pouco dos prazeres de ser o príncipe da máfia em Vegas.- ele liga o carro e o observo.

-Já melhorou minha noite me levando em um carro desses.- fecho os olhos quando ele começa a dirigir.

Sinto o vento em meu rosto e sorrio quando parece de outro mundo estar me divertindo agora, nunca consegui me divertir uma vez na vida. Fico imaginando o quanto eu aguentei para estar aqui e simplesmente não parece real, nada disso parece real.

A Obrigação - 5° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora