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Virgínia

Passo a mão pelo veludo do banco em que estou sentada e meus olhos não conseguem assimilar que eu estou vendo lingeries para a noite de núpcias. Tento ficar no que aquela mulher me diz, mas cada vez mais eu fico mais nervosa e só ouço um zumbido.

-Ainda bem que minha mãe não pode vir.- Cecília fala ao meu lado.- Ela ia rir da sua cara.

-O que?- minha voz afina um pouco.

-Pode pegar uma dessas, só que verde esmeralda?- ela aponta.- Na verdade, tudo verde esmeralda.

-Ok.- ela se afasta e ficamos sozinhas.

-Sei que isso deve ser horrível para você.- ela fala baixo.- Então vamos pegar só as mais simples.

-Obrigada.- murmuro e percebo o que ela quis dizer.- Como você...

-Não sei dizer, acho que algumas garotas sabem quando outras foram...- Cecília para de falar e arregalo os olhos.- Não me olhe assim.

-Você foi?- toco seu pulso.

-Não gosto de falar disso.- ela respira fundo.- Vou juntar as camisolas. Acho que sete vai ser bom, para cada dia da semana.

-Cecília.- levanto e vou até ela.- Não pode falar isso e me deixar.

-Eu não falei nada, você supôs.- ela limpa a garganta e coloca na bancada.- Vamos, não tenho o dia todo.

A atendente pega as sete camisolas da cor esmeralda e começa a passar, Cecília pega o cartão que Summer deu para ela e coloca em cima do balcão como se não fosse grande coisa. Me aproximo dela e tento procurar algo para me aproximar mais dela.

-Quantos anos?- pergunto e ela respira fundo.- Eu nunca falei disso com ninguém também, mas se você...

-Não vamos fazer um grupo de leitura, Virgínia.- ela pega a sacola e a sigo para fora da loja.- Aconteceu.

-Mas não precisa estar sozinha.- digo enquanto a sigo.- Talvez eu e você...

-Olha quem eu encontro aqui.- Marco tira o óculos escuro.

-Ótimo, o shopping agora deixa imbecis entrarem?- ela bufa e ele olha para a sacola na mão dela.

-Não me disse isso ontem a noite.- ele sorri.

-O que?- arregalo os olhos.

-É mentira dele.- Cecília fala e percebo que é mentira dela.

-Vocês dois...

-De vez em quando.- ela segura meu braço.- Vamos.

-São para você usar comigo?- ele pergunta bem humorado.

-Não.- ela vira e sorri.- São para o seu irmão.

Nós o deixamos com una cara incrível de surpresa e Cecília me leva pelos corredores amplos do shopping. Paramos na frente de um quiosque de vitamina e ela entra na fila, a observo arrumar os cabelos e respirar profundamente, como se o disfarce estivesse caindo.

A Obrigação - 5° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora