Barganhas

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Nico

Abro meus olhos e sinto meu rosto contra algo que nem é tão duro e nem tão macio, percebo que é um colchão porcaria desses que a gente compra para cativeiro e logo me sento, nas realmente é só isso que eu posso fazer.

Olho para a parede de onde minhas correntes ficam presas e respiro fundo vendo meus pulsos presos. Olho envolta para ver o quarto pequeno e apoio meus pés na parede para empurrar enquanto puxo com as mãos na minha direção.

-Vai, porra.- murmuro puxando com força.- Vai.

Arregalo os olhos e penso em Virgínia, se eles tiverem pegado ela...se Virgínia estiver aqui e presa do mesmo jeito...

Uso mais força para tentar me soltar e meus pulsos ardem com o esforço, fecho meus olhos e bato o pé na parede enquanto desisto dessa ideia. Olho para a porta e vejo que alguém está usando as chaves para abrir.

-Nico...

-Onde Virgínia está?- pergunto e Luna parece ficar surpresa.

-Minha irmã?- ela sorri.- Você não vai querer saber...

-Onde ela está?- franzo as sobrancelhas.

-Nico, era para ser a gente.- ela se agacha em uma distância segura.- Tudo isso....

-Sua irmã quis te proteger, disse que amava alguém...

-Achava que sim.- ela ri.- Mas eu não amo ele, ele não pode me dar nada que você daria.

-Então não é em relação ao amor.- digo.- É só pelo dinheiro.

-Olha, eu e você nos conhecemos desde bebês.- ela me observa.- Somos amigos.

-E é por isso que deveria me soltar.- aponto para as correntes.- Claramente está sendo manipulada pelo seu pai...

-Nico.- ela se aproxima mais e afasta meus cabelo do rosto.- Desde o começo, todos achavam que era eu e você. Nós dois juntos.

-Mas não é.- afasto a mão dela.- Eu e Virgínia somos casados. Eu e Virgínia estamos juntos. Eu a...

Ela pisca com lágrimas nos olhos e então levanta, ela sabe o que eu iria falar e não falei para poupar ela. Então Luna respira fundo e vai até a porta apenas para chamar um homem enorme, respiro fundo e ele ajeita o soco inglês na mão.

-Sério?- pergunto apertando as correntes.- Vai me bater até eu aceitar?

-Acho que vale a tentativa.- Luna diz enquanto fecha a porta.

-Sabe...- falo enquanto ele se aproxima.- Eu posso pagar muito mais se você me tirar daqui.

-Não é pelo dinheiro.- ele segura a gola da minha camisa.- Sua família matou a minha.

-Ah.- fico desanimado.- Então suponho que eles tenham merecido.

O primeiro soco é o pior, mas enquanto ele me chuta e faz o que faz comigo preso nas correntes, tudo em que penso é onde está Virgínia, se ela está segura ou se está em perigo no quarto ao lado.

Preciso saber dela.

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Virgínia

A Obrigação - 5° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora