Trocas

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Virgínia

Pela janela percebo que estamos indo para um tipo de docas, vários navios fazem um tipo de proteção natural envolta do lugar onde estamos. Os caminhões param e os homens que estão dentro começam a sair dos dois lados.

-É para ficar aqui dentro.- Leon abre a porta.- Só observar.

-Tá.- assinto.

Ele fecha a porta e começa a ir na direção do cara que o espera, semicerro os olhos e fico surpresa por lembrar desse cara. Ele é um dos recebedores do meu pai, é quem leva as mercadorias para lá.

Mordo o lábio e observo o rosto dele, nunca o conheço de verdade, mas ele tem um sorriso de quem sempre está tramando alguma coisa. Me inquieto onde estou e olho para os lados vendo os outros passando as mercadorias.

Leon e ele estão com alguns outros, observo bem e apoio minhas mãos no painel quando me sinto dentro de uma armadilha. O sorriso do receptor se alarga mais e vejo ele afastar o blazer de forma imperceptível.

-O que ele tá fazendo?- murmuro para mim mesma quando Leon aponta para alguns navios distraído e o cara segura a arma.

Arregalo os olhos e abro a porta do caminhão, pego a arma que vi no porta-luvas e corro na direção deles. Tudo parece passar em câmera lenta quando ele tira a arma do cinto e Leon não percebe nada.

Tenho uma vantagem quando ele se assusta em me ver e parece hesitar por um momento, essa é a minha deixa para erguer a arma e atirar em seu ombro. O receptor solta a arma e cai no chão com um grito.

Todos os outros pegam suas armas e estou pronta para atirar de novo, Leon olha para mim e então para o receptor gemendo no chão. Então abre espaço para eu me aproximar e olha para os outros mexicanos.

-Estamos em maior número.- fala calmo.- Se largarem as armas deixaremos vocês irem.

Alguns deles se olham e então decidem largar as armas, mas assim que fazem isso cada um dos nossos escolhe um para matar. Os corpos caem no chão e abaixo a arma piscando para o sangue pintando o chão do cais.

-Espere.- o receptor fala quando Leon o segura pela gola.- Você me conhece!- ele olha para mim.- Diga a ele para não me matar! Diga a ele!

Todos olham para mim em expectativa. Sinto a arma em minha mão e percebo que gostei daquela adrenalina, percebo que eu não sou mais a menina que saiu do México, aquela menina medrosa.

-Ele vem com a gente.- digo.

-O que?- Leon parece surpreso.

-Precisamos saber se isso foi um caso isolado ou meu pai sabia desse ataque.- explico e todos ficam calados.- Ele vem conosco.

-Obrigado.- ele fala eufórico quando Leon o levanta.- Obrigado.- repete de novo quando passa por mim.

Eles voltam a pegar aquilo que já colocaram nos outros caminhões e assim que levam tudo já entram nos nossos. Leon volta com uma das mãos sujas de sangue e engulo em seco quando ele fecha a porta ao mesmo tempo que pede para irmos.

-Obrigado.- fala baixo.

-Sobre o que você estava falando lá que te deixou tão desligado?- pergunto e ele sorri.

A Obrigação - 5° GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora