Parece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...
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CLARY
Lanço um olhar para trás, me certificando de que isso não é um engano, mas estão todos me encarando. Olho novamente para o palco e aponto para mim mesma, como se quisesse perguntar se isso se trata de mim. O vocalista, vendo a minha cara de idiota, abre um sorrisinho divertido.
— Sim, você — ele confirma, olhando nos meus olhos.
— Amiga, vai logo! — Roxie começa a me empurrar.
— O quê? Tá doida? Eu não vou fazer isso! — cochicho. — Roxie, não! Não, não, não…
Mas já é tarde demais. Sou empurrada para uma entrada lateral onde uma mulher já está me esperando. Travo os meus pés no chão, mas sou arrastada mesmo assim.
— Vamos logo, garota, não temos a noite toda — a mulher ranzinza reclama, tomando a cerveja da minha mão.
— Não, não, houve um engano, eu não vou fazer isso. Olha, podem escolher outra garota, eu não me importo, eu não…
Tarde demais. Eu sou praticamente jogada para trás de uma cortina preta. Viro-me devagar e vejo centenas de rostos me encarando. Fico vermelha, mas logo todo o sangue do meu rosto desce para os pés e um nervosismo poderoso se instala nas minhas entranhas. Só consigo enxergar borrões à minha frente.
— Olá, minha linda.
Meus olhos ganham foco e então eu vejo o rosto do vocalista à minha frente. Ele está sorrindo com divertimento.
— Como você está hoje? — ele segura a minha mão. A conversa é mantida em um tom baixo. — Está nervosa?
Fico envergonhada. Minhas mãos estão suando muito.
— Houve um engano — balbucio. — Trouxeram a garota errada.
Ele sorri de canto de boca.
— Receio que não. É você quem eu quero.
Coro.
— Percebi que estava curtindo bastante o show — brinca.
Diante da vergonha, consigo sorrir cinicamente para ele. Dean parece estar me provocando com tudo isso.
— Como é o seu nome? — pergunta ele.
— Clary — murmuro.
— Eu me chamo Dean. É um prazer conhecê-la.
— Eu…
— Vamos tentar melhorar a sua noite um pouquinho.
Dean acena com a cabeça para o baterista e a música surge. Ainda segurando a minha mão, ele dá alguns passos para trás e me puxa para o centro do palco, olhando nos meus olhos, e os primeiros versos da música começam a sair por entre os seus lábios.
