Parece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...
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CLARY
A semana se passa arrastando, mas parece que só eu acho isso. Claire, uma das minhas ajudantes na cozinha, disse que eu estou com os nervos à flor da pele por causa do festival de doces na tarde de sábado, e estou começando a acreditar que ela tem razão.
Passamos a maioria dos dias, eu e minha equipe de trabalho, juntamente com alguns envolvidos de outras lojas, organizando o evento que serve para arrecadar fundos para a caridade, além de promover os nossos produtos. Como se todo esse estresse não bastasse, ainda precisei dividir o meu tempo para cuidar da confeitaria; cozinhar para manter o estoque de doces e sobremesas nas prateleiras, preparar bolos de casamento ou festas de aniversário, e além de tudo ainda lidar com os problemas administrativos do estabelecimento.
Estou ficando maluca. Eu sei que tudo isso é por uma boa causa, mas sinto que estou chegando no meu limite da exaustão. Não consigo mais dormir direito nem tenho tempo para viver minha vida pessoal. Roxie me chamou para almoçar na última quarta-feira, mas tive que recusar por estar ocupada demais — naquele dia passei o meu horário de almoço com a cara enfiada em alguns papéis enquanto devorava um sanduíche natural que eu mesma preparei entre uma mordida e outra. Também não vejo Dean desde quinta-feira, quando ele apareceu de repente para tomar um café durante uma aula vaga. Vê-lo foi um alívio, e foi a única vez nessa semana em que eu pude relaxar, mesmo que por um curto período de tempo.
Dean parece um pouco ocupado com as próprias questões. Parece que ele está tendo uma semana complicada no trabalho — pelo menos foi o que ele me disse durante as poucas mensagens que trocamos neste período de tempo —, mas também sinto como se houvesse algo mais, algo que ele esteja sempre se esquivando para me contar. Pode parecer coisa da minha cabeça, mas tenho notado que ele parece sempre tenso, um pouco desconfiado, como se alguém fosse entrar a qualquer momento no lugar onde ele está e apontar uma arma para sua cabeça. Se estiver acontecendo algo de errado, eu quero poder ajudá-lo, mas também não posso pressioná-lo com a verdade. Gosto de pensar que, a qualquer momento, ele vai conseguir confiar inteiramente em mim para poder compartilhar os seus segredos. Até lá, tudo o que me resta é esperar.
Confesso que estou animada com essa nossa relação. Não é um namoro ou algo assim, estamos apenas saindo — e transando —, mas estou muito confiante de que pode dar certo. Nunca senti por outro cara o que Dean me faz sentir. Claro, eu passei um tempo duradouro — mais do que gostaria de admitir —, apaixonada por Bennett, mas era um sentimento completamente inexplorável, porque nunca houve qualquer tipo de interação física entre a gente. Com Dean sinto que a coisa é mais sólida e segura. Não estou falando de amor ou contato físico, mas parecemos nos entender de uma forma mais espiritual. Uma vez ele me disse que eu o transmitia paz, e eu sinto algo muito semelhante quando estou com ele.
Tá, eu vou parar de enrolação, eu só acho que… acho que estou me apaixonando por ele. É assustador, porque eu não imaginava que conseguiria substituir Bennett na questão romântica dos meus sentimentos, mas talvez por isso isso esteja dando tão certo: eu estive à espera de Bennett por muito tempo, mas sem sombra de dúvidas não estava esperando por Dean, e ele transformou a calmaria de um oceano pacífico em um verdadeiro caos.
