Parece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...
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CLARY
Tenho um encontro.
Ai, meu Deus!
Onde eu estava com a cabeça que concordei em fazer isso? Parece que vou explodir a qualquer momento de tanto nervosismo, mas Roxie continua insistindo que não há o que temer. Para ela é fácil falar, não é mesmo? Não é ela quem está prestes a se encontrar com um cara que nunca viu na vida, correndo o risco de estragar a noite por completo.
Conversei com Oliver por alguns dias. Eu não vou mentir: ele dá a impressão de ser um cara legal. Trocamos mensagens leves, e ele até me fez rir algumas vezes.
Por que tudo é mais fácil pela internet? Eu estava me sentindo bastante confortável trocando mensagens bobas com um estranho, porque eu simplesmente não precisava me esforçar para causar uma boa impressão — estava sendo eu mesma. E agora eu preciso vê-lo cara a cara, além de ser cuidadosa para não afugentar o coitado na primeira oportunidade. Não quero mostrar logo de cara que não sou tão interessante quanto aparento ser.
Talvez eu sofra de filofobia. Esse medo de me relacionar com as pessoas, de criar vínculos pessoais, não pode ser normal. Como é possível uma pessoa ser tão bem-sucedida na vida profissional quando sua vida pessoal é um desastre?
Com a ânsia de esperar por um amor que nunca veio, eu acabei me acomodando durante anos da minha vida. Perdi a chance de sair com outros garotos da minha escola e com alguns caras depois disso porque ainda tinha esperanças de que Bennett olharia para mim com outros olhos. Agora eu enxergo o quanto fui estúpida e imatura, me privando de algo para preservar um sentimento que só existe na minha cabeça.
Chega.
Eu vou a esse encontro, e se tiver sorte, posso estar a um passo de conhecer o amor da minha vida. Por que não? A vida é um mar de surpresas, não é mesmo? Tudo o que você precisa fazer é se arriscar.
Roxie veio até o meu apartamento essa noite apenas para me ajudar com a roupa e o cabelo. Ela, sem sombra de dúvidas, é melhor nisso do que eu. Minha amiga levou em consideração o meu desejo de ser simples, nada muito exagerado ou decotado, afinal, quero ir com calma, e acabamos concordando sobre um vestido azul de alcinha, com a saia esvoaçante e a parte das costas preso por cordões. Ela faz uma trança no meu cabelo, deixando alguns cachos caírem ao redor do meu rosto, e eu fico impressionada com sua habilidade de domar um cabelo tão rebelde. Talvez o fato do seu cabelo também ser cacheado ajuda muito, mas eu, particularmente, nunca consegui lidar muito bem com o meu.
— Não faz isso — Roxie dá um tapa na minha mão quando tento aplicar um pouco de base nas minhas sardas. — Suas sardas são um charme.
Faço uma careta.
— Desde quando um rosto manchado é charmoso?
Ela revira os olhos.
— Por que você nunca consegue enxergar beleza nas qualidades que tem? — reclama. — Sério, você é a maior gata!
