CLARY
Bato na porta antes de entrar. Não sei porque faço isso — acho que apenas quero deixar um aviso prévio de que estou chegando. Mas Dean não parece nada surpreso quando me vê passar pela porta; ele até sorri um pouco. Essa é a deixa que eu precisava para me aproximar, mesmo que cautelosamente.
— Oi — não tenho coisa melhor para dizer.
— Ei — ele sorri um pouco mais, mas parece aquele tipo de sorriso ensaiado.
— O que está fazendo aí? — pergunto para puxar assunto.
— Estava dando os últimos retoques na pintura — ele limpa as mãos em um pano. — Mas já terminei.
Balanço a cabeça.
O escritório não é tão grande. Na verdade, ele é bem apertado, com espaço apenas para uma mesa e uma estante, e talvez alguma decoração, e com o silêncio que se instala, parece duas vezes menor e sufocante.
Isso é tão desconfortável. Eu gostaria de voltar para aquele tempo em que conversar um com o outro era tão natural quanto respirar. Quando eu via resquícios de felicidade nos olhos dele e um sorriso alegre preenchendo toda a sua boca. Parece que isso foi há séculos. Estragamos tudo, e agora não consigo achar um meio de consertar isso.
— Todos já foram embora? — Dean finalmente quebra o gelo.
— Sim — concordo. — Bennett foi o último a sair.
Os olhos dele ganham um pouco de intensidade.
— Isso quer dizer que estamos sozinhos aqui? — pergunta, com a voz rouca.
Estremeço.
A ideia de estarmos sozinhos me deixa um pouco nervosa, porque somos incontroláveis quando estamos na companhia um do outro. As coisas podem estar complicadas agora, mas não dá para negar a tensão que produzimos sempre que estamos juntos.
— Sim — afirmo, e minha voz vacila um pouco.
Vejo a sombra de um sorriso brincar no canto da sua boca.
— Bom.
Bom? O que isso quer dizer?
— É. — Não sei com o que estou concordando. — Bom.
Silêncio de novo.
— Você está bem? — Seus olhos se tornam um pouco mais duros, preocupados.
Dou de ombros, tentando soar irrelevante.
— Estou. — Hesito. — E você?
O sorriso que ele me dá parece o cúmulo da melancolia.
— Poderia estar melhor.
— Suponho que isso seja culpa sua.
Ele não tenta negar.
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DEAN • COMPLETO
RomanceParece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...