DEAN
— O que você está fazendo? — pergunta Cody por ligação.
— Saindo do trabalho — eu informo. — Por quê?
— Curiosidade. O que vai fazer hoje?
Sei aonde essa pergunta vai levar, mas consigo reprimir o suspiro antes que ele escape.
— O habitual: ir pra casa, comer alguma coisa, fazer um pouco de música e depois dormir.
— Sério que você vai ficar em casa no dia do seu aniversário?
— Sério que você me faz essa pergunta todos os anos? — retruco. — É mais um dia normal como qualquer outro, Cody. Você sabe que nunca me importei com isso.
— Você finge que não se importa — rebate. — Eu só acho que você não precisa ficar sozinho no dia do seu aniversário, cara. Mas não vou insistir nesse assunto. Só liguei pra te dar os parabéns.
Eu sinto um pouco de tensão se acumular na base da minha coluna, mas obrigo-me a relaxar. Preciso me lembrar que isso não é uma ameaça, que Cody é um amigo e que realmente se importa comigo; que está dizendo todas essas palavras de coração. É só que… quando fantasmas do passado te assombram diariamente, você acaba se esquecendo de como distinguir o bem do mal.
— Valeu, cara — agradeço, me apressando para passar de ladinho pela porta do metrô que está quase se fechando. Consigo a façanha no último segundo, e despenco na cadeira mais próxima.
— Eu te convidaria para beber alguma coisa hoje à noite, mas tenho um compromisso inadiável.
— Está tudo bem — tento soar despreocupado. — Como eu disse: é apenas mais um dia normal. Vou ficar bem.
— Tem certeza? — Não deixo de notar a cautela em seu tom de voz.
— Absoluta.
— Ok. A gente se vê, então. E mais uma vez: feliz aniversário.
Aperto os lábios em uma linha fina antes de responder:
— Obrigado.
Hoje estou completando exatamente vinte e sete anos. Que loucura. Ainda me lembro da época em que eu era um moleque franzino, talvez mais do que eu gostaria. Mas o tempo passa, e cá estou eu completando mais um ano triste, sem graça e monótono de vida. Algumas pessoas estariam em um bar bebendo com os amigos ou comemorando em casa com a família, mas prefiro desfrutar da minha própria companhia solitária.
Gosto mesmo de estar sozinho nesse evento anual ou apenas me acostumei com isso? Eu me pergunto isso às vezes. Talvez não seja tão ruim comemorar uma data que deveria ser especial com pessoas especiais. Eu não tinha amigos antes, mas agora eu tenho o Archie, e até mesmo a namorada dele, que é super gente boa. Cody, é claro, e por último, mas não menos importante, Clary. A gente se conhece há pouco tempo, é verdade, mas eu a considero tão especial quanto os outros, e posso arriscar que de um jeito bem diferente.
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DEAN • COMPLETO
RomanceParece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...