Parece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...
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CLARY
— Como você está se sentindo?
Essa é uma ótima pergunta.
— Eu achei que estaria arrasada — confesso, olhando pela janela do meu apartamento. — Mas, sinceramente, me sinto conformada com tudo isso.
— Tem certeza que não vai fazer uma interrupção dramática quando o padre dizer: "se alguém se opõe a este matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre!"?
A provocação de Roxie me faz rir.
— Seria um ótimo drama, mas não. Eu amei Bennett por muito tempo, tanto que, no processo, esqueci de me amar. Isso não é nada saudável. Chegou a hora de pensar na minha vida, no meu futuro, e no que eu mereço: certamente não é ficar implorando por migalhas de um cara que vai subir no altar com outra mulher. Talvez doa por um tempo, mas estou aprendendo da melhor maneira que o tempo é o melhor remédio para curar feridas abertas, e tenho certeza que vou acordar em um dia qualquer e perceber que não preciso de ninguém além de mim mesma para ser feliz.
— Uau — a minha amiga parece realmente impressionada. — Você pode repetir isso? Ficaria ótimo em um livro de autoajuda.
Rio.
— Como está sendo a sua viagem? — pergunto, apenas para me distrair do assunto "casamento".
Ela solta um ruído de insatisfação.
— Um saco, é claro! Eu já disse que odeio viagens de trabalho?
— Um milhão de vezes — respondo.
Ouço o interfone tocar, e minha mãe surge de algum cômodo do apartamento usando seu vestido lilás super chique.
Tapo o microfone do celular e digo para ela:
— Deve ser o Dean. Abre o portão para ele, por favor — e então volto para a ligação. — Desculpa, Roxie, mas preciso ir.
— Ah, claro, seu convidado de honra chegou. Aproveita que está de coração partido e pede para o bonitão te consolar. Nada melhor do que um pau experiente para curar a dor de cotovelo.
— Tchau, Roxie — eu cantarolo, ignorando completamente o comentário anterior, e desligo o telefone sem esperar uma despedida.
Balanço a cabeça, e tento reprimir o sorriso mordendo o lábio, mas não obtenho sucesso. Merda. Roxie não deveria colocar essas ideias absurdas na minha cabeça quando eu já estou me sentindo tão confusa com meus próprios sentimentos.
Não vejo Dean desde aquela noite em que dormimos juntos, na sexta-feira. Ele já tinha ido embora quando eu acordei, mas deixou o café da manhã pronto. Por um lado foi um alívio, porque imaginei que o clima ficaria um pouco estranho depois do episódio, mas por outro lado… depois de me aconchegar a noite toda em seus braços, acordar na cama sem ele me causou uma leve — e dolorosa — sensação de vazio.
