Parece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...
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DEAN
Clary roça a ponta do dedo em meu peito nu, criando desenhos imaginários sobre a minha pele que permanece quente em uma noite tão fria em Londres. Parte disso é inteiramente culpa dela, é claro. A mulher me enlouquece de um jeito preocupante, e quando me toca, sinto que meu sistema nervoso está pegando fogo.
Não me lembro da última vez que fiquei abraçadinho com uma mulher depois do sexo, e das poucas vezes que isso aconteceu, tenho certeza que não me senti desse jeito: tão confortável. Clary me dá uma paz que certamente não mereço, mas não vou me sentir culpado por aproveitar as partes boas desse sentimento, pelo menos não hoje, não agora. Eu não a mereço, juro por Deus que não, mas ainda assim ela está aqui, e isso é reconfortante.
É engraçado pensar em como tudo isso começou. Quando eu chamei aquela garota ruiva com lindos cachos rebeldes no palco, por pura provocação, não podia imaginar que aquela brincadeira iria se tornar o ponto de partida para uma amizade incrível, e agora… algo mais.
Posso mencionar todas as vezes que senti uma vontade louca de beijá-la, de colocar suas pernas grossas ao redor dos meus quadris ou de transar com ela nos lugares mais inusitados, mas eu estava disposto a acreditar que isso não se passava de uma mera atração. Já senti vontade de beijar muitas bocas antes, de transar com algumas mulheres que encontrei casualmente durante a noite, mas com a Clary… essa atração profunda e intensa que senti no instante em que pus meus olhos nela se estendeu de tal forma que eu não pude mais controlar, e agora eu me sinto incapaz de afastá-la quando isso é o certo a se fazer.
Estou sempre tentando fazer o que é certo; ser justo com as pessoas, ser honesto, ser bondoso e prestativo, mas quando se trata da Clary, eu me sinto egoísta. Isso é perigoso, porque sinto que estou colocando-a em alguma espécie de perigo e não estou fazendo nada a respeito para tentar impedir isso. Quero protegê-la do mundo, mas o que fazer quando sou incapaz de protegê-la de mim mesmo?
Sei que essas questões vão me consumir aos poucos, corroer a minha alma, mas agora, com Clary em meus braços, eu só quero fingir que sou um cara normal e que estamos totalmente bem. Se eu desejar isso com muita força talvez se torne realidade.
A mão exploradora de Clary escorrega pelas tatuagens em meu braço até parar na extremidade do meu pulso, os dedos delicados avaliando uma pulseira de cordão que tenho presa ali.
— Bela pulseira — comenta ela em tom risonho, mas não parece estar caçoando do acessório, e sim estranhando por eu estar usando algo que não combina muito comigo.
— Ah. Foi um presente da Imogen.
Percebo que a reação dela é involuntária: sua cabeça se ergue tão rápido que os cachos ruivos voam em direções diferentes, e seus olhos castanhos escuros de repente brilham com algo diferente quando encontram os meus.
— Imogen? — repete ela, tentando soar casual. — Quem é essa?
