Parece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...
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CLARY
Acordo na manhã seguinte com uma dor de cabeça que poderia ser capaz de rachar o meu crânio. Talvez esse seja o motivo de eu ter demorado um instante para perceber que não estou no meu quarto. Fico alarmada por um momento, tentando lembrar o que pode ter acontecido para eu ter vindo parar nesse lugar completamente desconhecido, mas não tem ninguém à vista para explicar a situação.
Entro em pânico quando me lembro que eu fui a um encontro com Oliver, o babaca preconceituoso. Será que a gente…? Não. Eu me recuso a pensar que eu tenha chegado ao ponto de desespero para ir para a cama de um cara como aquele. Isso seria um padrão muito baixo até mesmo para mim, e eu provavelmente irei me sentir horrível pelo resto da vida.
Mas uma onda de alívio me invade quando eu lembro que não, eu não fui para a cama com aquele imbecil. Se me lembro bem, eu dei um belo pé na bunda dele. Na verdade… não fui eu quem chutou aquele idiota para longe, e sim… Dean. Ai, meu Deus. Agora as lembranças voltam com força, aguçando a dor de cabeça e me causando uma leve tontura, acompanhada de um enjoo que se instala nas minhas entranhas.
Eu preciso parar de beber.
Levanto devagar enquanto eu mapeio os meus passos até aqui. Depois daquela cena no bar, quando Dean se livrou de Oliver, ele me levou até uma loja de conveniência onde compramos comida. Partimos de moto para um parque nas proximidades, ele tocou um pouco de música… e é só. Não consigo me lembrar de mais nada depois disso.
Então esse deve ser o quarto dele. É meio óbvio. Mas o que eu estou fazendo aqui? Será que a gente…? Mas não restam dúvidas de que não fizemos nada, porque ainda estou usando o vestido da noite anterior. Não sei como me sinto em relação a isso.
Cambaleio pelo quarto e encontro o banheiro. Bato na porta só para ter certeza de que não tem ninguém lá dentro — não quero correr o risco de encontrar Dean em um momento de nudez, o que me deixaria muito constrangida —, e quando ninguém responde, eu me sinto segura para entrar.
Urgh. Minha aparência está horrível. O espaço abaixo dos meus olhos está manchado de rímel e lápis de olho, e tenho dificuldades para remover a maquiagem sem o auxílio de um demaquilante. Meu cabelo continua preso em uma trança, mesmo que um pouco bagunçado, o que ajudou a manter os meus cachos sob controle.
Deus, isso é tão embaraçoso.
Escovo os dentes com os dedos — ou tento — e finalmente me sinto um pouco, mas só um pouco, apresentável para ir atrás de Dean.
Saio em um corredor com alguns quadros pendurados na parede e sigo em frente, saindo, enfim, em uma sala de estar ampla com uma pequena lareira, poltronas, dois sofás e uma estante embutida na parede com vários livros e discos musicais. Tem uma guitarra encostada na parede ao lado de uma janela que tem vista para uma rua bonita com casas padronizadas.
