doze

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DEAN

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DEAN

Eu amo o meu trabalho. Sério. Não é conversa fiada: sou completamente apaixonado e dedicado pela música. Não é à toa que eu escolhi seguir carreira quando tinha outras infinitas possibilidades. Eu poderia ter sido advogado, médico, ou até mesmo tentado carreira como ator de cinema, mas desde muito pequeno a música corre em minhas veias. 

Lembro-me bem do meu primeiro contato real com a música. Mamãe costumava me levar à igreja aos domingos, e eu achava o máximo todas aquelas crianças da minha idade participando do coro, cantando em harmonia. Contei a ela sobre a minha vontade de participar daquela atividade, e ela não mediu esforços para convencer o padre a me deixar ser membro da equipe, principalmente porque aquela triste mulher tinha esperanças de que passar mais tempo com crianças da minha idade fosse me ajudar a fazer amigos e ser menos solitário — mesmo que ela não tenha dito isso na minha cara em nenhum momento. Mas eu sabia. 

Eu posso até ter conseguido participar do coro, mas definitivamente não fiz amigos. As crianças me detestavam, me excluíram da forma mais cruel possível, e logo eu percebi que não queria mais fazer parte daquilo. Voltei a ficar deprimido e ainda mais solitário do que era antes. Mas a minha mãe não se deu por vencida, é claro: ela trabalhou duas vezes mais, se esforçou mais do que qualquer outra pessoa que eu conheço, tudo para poder pagar algumas aulas de música para mim e comprar um violão novinho em folha, esse que eu carrego por aí até hoje. 

Reconheço o esforço dela, sou grato por tudo o que ela fez para que eu pudesse chegar até aqui, e tento mostrar todos os dias que todo aquele sacrifício, tudo o que passamos, valeu a pena. Eu me esforcei muito, e hoje espero que a minha mãe tenha orgulho de mim. 

É por isso que eu coloco um sorriso no rosto e acordo cedo todos os dias e com muita energia para dar aula em uma das Universidades mais importantes de Londres. Com todo esse esforço e força de vontade, o mínimo que eu espero dos meus alunos — não todos, mas uma boa parte deles — é um pouco de interesse e comprometimento. Mas quando eu olho as notas das últimas provas aplicadas, percebo que há alguma coisa de muito interessante na minha aula, mas certamente não é a música. 

Eu nunca tive problemas com minhas turmas antes, mas já faz alguns semestres que estou recebendo uma carga absurda de novas matrículas, a maioria delas referentes a mulheres entre dezenove e vinte e dois anos. Elas ficam conversando entre si, dando risadinhas baixas, mas ainda assim audíveis, e me lançam olhares sugestivos. Archie diz que o motivo de elas estarem aqui é porque querem transar comigo, e apesar de eu saber que tem um fundo de verdade nisso, prefiro fechar os olhos e acreditar que existe outra explicação. 

Não sou grande coisa. Sou um cara comum, meio sem graça, que é apaixonado por música. Acho que tenho uma altura aceitável, uso algumas tatuagens… não acho que meus olhos verdes são o grande diferencial. Não é algo incomum. Então eu realmente não entendo o motivo de tanto alvoroço em torno de mim. 

DEAN • COMPLETO Onde histórias criam vida. Descubra agora