CLARY
Atravesso a porta da delegacia com o coração na mão. Não consigo ouvir nada além de um zumbido no ouvido, e meu cérebro parece estar derretendo com tantos pensamentos embaralhados.
Eu só preciso saber se ele está bem.
Ele tem de estar.
Meu coração diminuiu para o tamanho de uma azeitona no peito. Quando Dean me ligou para contar o que aconteceu, com um timbre de voz arrasado, eu simplesmente larguei tudo — o trabalho, meus clientes —, e corri para cá. Fiquei tão nervosa que não consegui entender direito o que aconteceu, mas ouvi ele dizer que alguém tinha levado um tiro… e estou implorando aos céus que não tenha sido ele.
Eu não acredito que ele foi até aqueles caras sem me dizer nada. Eu poderia estar morrendo de raiva por ter sido deixada de fora mais uma vez, mas tudo o que eu sinto é desespero e aflição — contanto que ele esteja bem, que esteja seguro, eu não me importo com nada disso.
Meus olhos procuram, ansiosos e sedentos, por um rosto familiar, mas só enxergo borrões. Tudo parece estar girando, até que meus olhos recaem em um canto, e reconheço a figura sentada ali, parecendo minúscula dentro do próprio corpo. Mas ele não está sozinho: tem um corpo se apoiando nele, um corpo feminino, e o braço dele está ao redor dela de uma forma protetora.
Dean vira a cabeça distraidamente e nossos olhos se encontram. Meu coração está batendo tão forte agora que tenho a sensação de que vou desmaiar a qualquer momento. Ele aperta os lábios em uma linha fina que parece alguma espécie de consolo, mas é bastante explícito o quanto ele está arrasado.
Ele se inclina para falar alguma coisa para a mulher em seus braços, e quando ela ergue a cabeça, percebo que se trata de Rosie, sua mãe. Ela olha para o filho e depois para mim, e tenta um sorriso.
Acho que eu deveria me aproximar, mas meu corpo está congelado no meio da delegacia.
Dean beija o topo da cabeça da mãe e se levanta, começando a caminhar na minha direção. Dou uma avaliada nele e não vejo nenhum buraco de bala. Não tem sangue à vista. A tensão não desaparece de imediato, porque preciso ouvir da boca dele que está tudo bem.
Ele para a alguns poucos metros de mim e só então percebo o quanto está abalado. Seus olhos estão um pouco vermelhos, denunciando um choro recente, e neles ele carrega uma aura sombria de mágoa, raiva, tristeza e remorso. Sua vulnerabilidade está exposta para quem quiser ver.
Acabo com o espaço entre a gente e me jogo em seus braços. Dean me segura firme e apoia o queixo na minha cabeça, enquanto as minhas lágrimas mancham a sua camisa.
— Ai, meu Deus — sussurro, sendo engolida pelo alívio.
Ele está aqui.
Ele está bem.
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DEAN • COMPLETO
RomanceParece que a vida real não é como os romances dignos de best-seller, e Clary sabe bem disso. Depois de guardar um amor platônico pelo melhor amigo por anos, ela finalmente decide que chegou a hora de seguir em frente. Com o coração partido, ela está...