vinte e três

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CLARY

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CLARY

Acordo no meio da noite com uma leve sensação de abandono. Logo percebi o porquê: o espaço ao meu lado na cama, aquele que era preenchido pelo corpo grande e quente de Dean, está vazio. Por um momento tenho a sensação de ter vivenciado um sonho, ou então uma projeção irreal da minha mente em prol dos meus desejos mais profundos, mas percebo que não, não foi uma ilusão, quando eu ergo um pouco a cabeça e vejo uma silhueta perdida em meio ao escuro do quarto, acomodada na ponta da cama. 

Eu afasto o lençol fino do meu corpo desnudo e engatinho até lá. Dean inclina a cabeça por cima do ombro por um instante, percebendo a minha presença consciente, mas não diz nada. Ele volta para sua posição inicial um pouco curvada, e eu me sento de modo que o seu corpo fique bem posicionado entre minhas pernas e eu posso abraçar aquelas costas largas cheias de músculos. 

Beijo a parte posterior do seu ombro e depois me aninho sobre ele antes de perguntar em um tom de voz muito baixo: 

— Você está bem? 

Ele cobre a minha mão sobre o seu peito e faz um leve carinho com o polegar sobre a minha pele. Um conforto. 

— Você devia estar dormindo, Merida. 

— Você também — retruco. 

— Eu vou logo. Prometo. — Mas parece uma promessa vazia. 

— Não vou voltar a dormir sem você — digo, teimosa. — Você parece sempre tão preocupado. O que há de errado? Você pode me contar qualquer coisa; pode confiar em mim. 

Dean leva a minha mão aos lábios e deposita um beijo doce sobre os meus dedos. Esse simples gesto me faz derreter. Como esse homem conseguiu me amolecer de tal forma em tão pouco tempo? 

— Você me dá paz. 

A emoção presente no seu tom de voz me toca de um jeito que envolve o meu coração em uma manta de calor. Ele se vira para mim e eu posso ver o peso dos seus sentimentos naqueles olhos verdes tão expressivos: tristeza, medo, culpa, e acima de tudo… uma admiração singela por mim. 

Eu não sei quais são os motivos do sofrimento dele, e acho que ele precisa de um pouco mais de tempo antes de começar a expressar seus sentimentos de um jeito tão transparente, mas não importa; eu posso ser o remédio que ele precisa parar curar suas feridas, posso ser aquela âncora sobre a qual fala a sua música, mantendo-o parado e pacífico no meio do caos. 

— Você também — confesso, afagando o seu rosto bonito. 

Dean beija a minha testa antes de me abraçar bem forte, como se eu fosse seu alicerce no meio de um tsunami, sem se importar que seu corpo esteja em um ângulo estranho por causa das nossas posições. 

Não sei dizer quanto tempo passamos nos braços um do outro, mas é um lugar que eu não tenho pressa alguma de sair. Seu toque é confortável, caloroso, e eu me sinto coberta por uma manta de proteção, alheia aos perigos que nos cercam além dessas paredes. 

DEAN • COMPLETO Onde histórias criam vida. Descubra agora