do I have doubts?

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Agito o líquido transparente no copo de vidro enquanto a observo encher o seu próprio até a metade. Noto-a deixando a garrafa sob o mármore escuro e andar até mim, se sentando o meu lado na cama.

— Não é daqui, é? — nego, levando o vidro cristalino até os meus lábios.

Já estava acostumada com o álcool, e apesar do alto teor alcoólico naquele em específico, ainda conseguiria o ingerir como se fosse apenas suco.

Ou era o que eu esperava.

— Nasci e morei minha vida toda na Colômbia, agora moro num apartamento no centro de Londres — ela assente, dando um gole curto da bebida — Como sabe?

— Seu sotaque é bonito, normalmente pessoas daqui não tem a língua assim.

— Levo isso como um elogio? — ela dá de ombros.

— É um elogio, a faz parecer autoritária — a mulher sorri fraco, noto suas covinhas fundas quando faz isso — Ainda assim quero saber que motivo a faria atravessar metade do globo terrestre apenas para morar aqui. Não pode ter sido pela neve, pois aqui é bem raro termos esse evento.

— Como já te disse antes... é segredo — ela suspira fundo — Mas pode tentar adivinhar, quem sabe você até consegue acertar algo.

— Hm... Namorado, talvez? Nem sei se namora alguém — ergo as sobrancelhas, tapando minha boca com o copo em minhas mãos.

— Essa foi uma forma bastante descarada de perguntar se tenho um namorado, sabia? — ela sorri novamente.

Droga de sorriso.   

— E tem?

— Não. Aúltima coisa que quero agora é um homem me enchendo a paciência.

— É bom saber.

Por um minuto, paro para pensar em sua frase, e nas outras que eu mesma falei.

"Que merda eu fiz?"

Meu celular acende de repente, a mensagem do meu irmão brilha no ecrã. Pego o aparelho que estava sob a minha coxa e o desbloqueio. Matteo me enviara uma foto da minha sobrinha deitada em seu colo com uma chupeta na boca. Os cabelos ralos ruivos estavam presos para trás com um elástico mostrando seu rosto pálido cheio de pintinhas.

— Gosta de crianças? — pergunto-a, ela assente, e assim viro a tela do celular em sua direção — Essa é uma dos meus três sobrinhos.

— Qual o nome?

— Anne, é a mais nova deles — Billie olha a foto mais de perto, seu rosto se enche de ternura.

— Amo crianças, tenho duas sobrinhas, Aiko e Sol — seus olhos parecem até brilhar quando fala o nome das garotas — Deve ter as visto no parque comigo, são filhas de Dean, um dos meus irmãos, o outro ruivo alto e chato é o meu outro irmão, o mais velho — assinto.

— Entendo bem de irmãos chatos, tenho quatro, todos homens, é um saco ser a única mulher lá no meio — encaro meu copo vazio, nem havia me dado conta de ter ingerido a bebida — Vou pegar mais! — sorrio fraco a ela, me levantando da cama.

— Quer mesmo beber outro copo? Bebidas assim tem um alto teor alcoólico.

Vou até à bancada onde estava a garrafa, retiro a rolha marrom e coloco o líquido até a metade do copo, colocando-a de volta em seu lugar, respectivamente.

— Hoje é o último dia em que posso beber, amanhã já tenho trabalho e reuniões chatas — me viro de volta a ela, a observo prender o cabelo preto em um coque enquanto bebe o 'whisky'.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora