society

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Sulewski tinha em uma das mãos uma enorme paleta de madeira repleta de manchas acarretadas pela tinta a óleo. Na outra, estava sua concentração em pegar menos de um grama da tinta pastosa com a ponta da unha estilo stileto a levando até a tela pintada à sua frente. A concentração a imergia em um nível tão alto, que mal notou quando Eleanor entrou na sala de pintura, obervando o improviso que Claudia tentava fazer. Só notou sua presença pois viu a sombra da mais nova na parede totalmente pintada.

— Por quê está usando a sua unha para pintar uma tela? — Eleanor pergunta, tomando a liberdade de se sentar em uma das poltronas azuis ali, observando os movimentos sutis e lentos que pareciam dar mais sentimento às informações da tela.

— Meu pincel estragou de madrugada e não consegui arrumá-lo, então estou improvisando com o que tenho — ela se afasta um pouco do cavalete, dando um sorriso ao constatar que sua "improvisação" estava gerando bons resultados.

— Achei que já ouvese terminado esse quadro — a outra afirma, podendo ver até a assinatura da amiga e a data em que pintou a tela bem no cantinho pintado.

"17/05/2021"

— "A arte nunca está terminada, é apenas abandonada", da Vinci disse isso uma vez e a frase se eternizou na mente dos sentimentais — Claudia deixa a paleta em cima da mesa em que dispunha suas tintas prontas e cruas todas juntas, pegando um pano manchado para tirar o excesso de tinta dos seus dedos e antebraços. A polonesa se vira, se deparando com a feição esgotada de Eleanor — Você está bem?

— Só estou com sono, só isso — Sulewski agarra o pano, se sentando na outra poltrona azul do lado da amiga.

— Te conheço a oito anos, idiota, não vai conseguir mentir 'pra mim! — ela sorri fraco, provocando uma risada nasal na amiga — Abre a boca. Coloca tudo pra fora, latina.

— Não é nada demais, eu só estou preocupada — Eleanor dá de ombros — Acho que foi uma má idéia ter decidido mudar minha vida inteira por conta de uma traição idiota, sabe?

Claudia nada disse, apenas queria dar aquele momento para que a amiga pudesse conversar sobre seus sentimentos, algo que nunca fazia pois havia sido ensinada desde criança a não chorar, pois o choro demonstra fraqueza, e a não rir demais, pois pessoas que aparentam ser alegres não demonstram a autoridade nescessária de um Hernández.

Já eram três da manhã, e nenhuma das duas conseguia dormir. Claudia tinha saudades do filho, então pintava para afogar e mostrar por meio da arte seu sentimento maternal.

Eleanor não conseguia dormir pois estava pensando em trabalho e sentimentos, coisas que de acordo com seus pais, não combinavam na mesma frase.

Toda vez que fechava seus olhos, escutava uma voz dizendo que o que ela fazia não era o suficiente, mesmo que tentasse de tudo. A voz a dizia que seu pai só cobrava tanto dela pois não se contentava com o seu fracasso, e que sua mãe nem se quer convesava com ela por Eleanor ser um desgosto a família.

Uma hora Eleanor conseguiu dormir, e em seu sonho o fatídico "12 de março" aparecia como um filme de terror. Ela conseguia ver e ouvir tudo, desde os áudios do namorado contando aos amigos como fez para "comer a filha do patrão e ficar famoso", até as fotos de Polac tendo relações sexuais com a modelo Americana a qual Eleanor chamava de "amiga" horas atrás do ocorrido.

No fim, ela se viu pegando um avião para Londres com apenas duas malas e a idéia de conseguir comandar uma empresa sozinha para poder mostrar ao ex cônjuge que ela não era "apenas a filha do patrão", e conseguiria o fazer perder sua fama e dinheiro tão rápido quanto o fez ganhar.

— Está assim porque transou com uma mulher? — a frase direta de Sulewski não consegue a arrancar uma resposta imediata — É normal sentir atração por alguém do mesmo gênero, Eleanor, nós gostamos da áurea das pessoas, e não do gênero imposto pela sociedade — a explicação apenas a fez ficar mais confusa ainda, não entendia as fiosofias da amiga — A propósito, sou pansexual, surpresa! — Eleanor tenta fingir que entende a frase, mas não consegue — Significa que eu não ligo pra gêneros, conseguiu entender? — ela assente.

— A mesma coisa de bissexual, né?

— Na prática sim, mas algumas coisas como o significado histórico são diferentes — Claudia poderia dar uma aula sobre aquela pauta, mas não achou ser nescessário — Você não precisa ficar mal por só sentir atração por outra pessoa, é natural da raça humana.

— Me disseram o contrário a minha vida toda, Clau, não consigo acreditar que isso é "normal" — Eleanor murmurou, quase inaudível — Não contra 'pra ninguém sobre isso, okay?

Sulewski assentiu, decidindo não a forçar a conversar sobre algo que não queria.

"1° etapa: NEGAÇÃO"

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora