is it worth it?

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Quando adolescente, eu odiava a minha imagem. Quando entrei no mercado de trabalho descobri que eu poderia a moldar como quisesse, mostrar ao mundo somente o que eu queria que eles vissem, e assim moldar também as opniões e percepções de todos sobre mim.

Sempre tive essa paranóia de todos estarem me observando, mas nunca estavam, era só a minha mente me enganando e pregando peças. Com os anos aprendi isso, e também aprendi a ignorar todos ao meu redor que não fossem minhas amigas e minha família. Entendi que uma vida privada era o melhor para a minha saúde mental, excluí o twitter, tornei minhas contas pessoais das outras redes sociais exclusivamente profissional, e assim vivo minha vida livremente.

A sensação de abrir a galeria de fotos e ver fotografias e vídeos de momentos únicos aos quais somente eu tenho acesso é indescritível.

Era assim, até ontem.

Haviam fotos nossas circulando pela internet, fotos saindo da empresa, na porta da minha casa, com Anne e seu irmão na praça. Fotos sem nada demais, nem um beijo, sempre fomos cuidadosas quanto a isso.

De repente entramos nos trending topics.

Burburinhos e mais burburinhos dizendo que tínhamos um relacionamento fora da empresa não paravam de aparecer.

Haviam tantos comentários, tais quais maldosos e alguns bondosos. Pessoas com o preconceito enraizado, outras diziam que aquilo era um teatro, tantos, e tantos. Eu apenas parei de olhá-los, por mim e pela minha noiva.

Parei assim que vi a polêmica se instaurando.

Algum mongolóide criou uma teoria completamente fora da realidade. De acordo com o minúsculo cérebro de Q.I incontável, ele disse em um tweet que Eleanor e Madden namoravam, mas eu forcei-a a o trair, e assim ficamos juntas no final. Ele apontou o sumiço de Madden da empresa e das mídias como uma prova de sua teoria.

Isso seria algo esquecido, claro, se não fosse por Madden comentando no tweet.

Apenas um emoji, o suficiente para fazer seu nome também subir aos trending topics.

Um emoji.

"👍🏼"

Eu quis matá-lo.

— Desculpem-me pelo atraso — diz Eleanor, entrando na sala de reuniões com pressa. Emily está ao seu lado, e me lança um sorriso sutil que diz "eu sei, vai ficar tudo bem".

Eu me sentia completamente deslocada ali.

Já era a segunda reunião sobre o mesmo assunto. O meu relacionamento com Eleanor. A primeira reunião foi um fracasso.

Uma das assessoras da minha namorada quer que nós não façamos nada, a outra quer que inventemos mentiras. Minha advogada e a advogada de Eleanor — Emily — dizem que podemos contornar a situação usando a mídia ao nosso favor e expondo o noivado. Ninguém entra em um consenso.

— Para dar início, já digo que essa ideia cor de rosa de que assumir o noivado agora não vai impactar na empresa é uma burrice — Madeline joga a bomba em cima da mesa, como sempre faz.

— Como você é prepotente... Já pensou que talvez isso seja bom tanto para a empresa e também para o sobrenome? — Emily rebate.

— Ah, claro! Um processo de abuso de poder e assédio é exatamente o que essa empresa precisa. — a fala de Madeline vai diretamente a mim, e seu olhar queima como se ela quisesse me matar.

Abaixo meu olhar, a fim de não falar nada impensado que me colocaria numa situação ainda pior.

Nesse meio tempo também descobrimos que a ameaça de processo não era para Eleanor, e sim para mim, mas ligaria diretamente seu nome, pois Haley disse que além de eu abusar da minha autoridade e a assediar, Eleanor sabia e não fez nada.

Não era verdade, definitivamente não, e me doía pensar que alguém que foi tão próxima de mim fez isso pelas minhas costas.

Nunca imaginei que isso aconteceria comigo.

— Quer dizer algo diretamente á minha cliente, Madeline? —minha advogada pergunta, tenho a sensação de que aquilo logo se tornaria outra briga de novo.

— Recomendo que sua cliente seja realocada a outro lugar, assim se esse processo realmente acontecer ela cai sozinha — ela responde, ríspida, e com um sorrisinho de quem queria me estrangular.

Sinto a mão de Eleanor por cima da minha perna, embaixo da mesa. Ela me olha por alguns segundos, parecendo pensar em algo.

— Madeline? — Eleanor a chama, escuto a assessora murmurar um "pois não?" e se ajeitar na cadeira — Tenho algo para você.

Minha namorada lança um olhar sobre Emily, que abre a pasta que carregava e retira três documentos dele, entregando a Eleanor.

Eleanor, por sua vez, se levanta e da a volta na mesa, colocando os papéis um por um à frente da mulher.

— Este aqui é um contrato de confidencialidade, que afirma que caso você divulgue qualquer informação sobre os últimos dez anos que envolvam o meu nome ou o da minha namorada, você estará tendo de me pagar uma indenização milionária. — estreito meus olhos em sua direção, sem entender nada — Neste segundo documento você nega qualquer benefício antes estipulado no primeiro contrato. E neste último... — Hernàndez a estende a caneta — É a sua demissão.

— O quê?

— Você acha que eu sou burra, Madeline? Quando te contratei, você foi escolhida pela minha mãe porquê ela confiava em você. — a vejo cruzando os braços a sua frente, finalmente começo a entender o que estava acontecendo — Como teve acesso a aquelas notícias? Quem te contou sobre a ameaça do assédio? Por quê tenho certeza de que nenhuma garota qualquer conseguiria seu número tão fácil.

Madeline fica muda, o ambiente pesa e quando olho para Eleanor ela sorri fraco.

— Você está entendendo tudo errado, Eleanor...

— E mesmo se estiver, fico muito feliz em demitir qualquer um que ofenda a minha noiva mesmo que indiretamente. Agora, se puder poupar o meu tempo e assinar...

Por fora não esboçou reação alguma, mas por dentro de mim fico tão feliz que me sinto a ponto de explodir.

Eu havia esquecido esse jeito dela, me acostumei a ver seu lado "minha noiva" todos os dias e esqueci da sua prepotência e de seu cargo aqui.

Por outro lado, minha advogada ao meu lado da uma risada fraca, atraindo um olhar de Madeline, que aceita a derrota e assina os papéis.

Eleanor abre a porta da sala, colocando a cabeça para fora do cômodo.

— Garanta que essa aqui seja enxotada para fora desse prédio o mais rápido possível, e avise os outros que ela não é mais bem vinda, mesmo em nome de outros funcionários ou clientes. Obrigada. — ela conversa rapidamente com os dois seguranças que estavam na porta.

Assim que a assessora sai, é possível ver a forma brusca que os homens de preto tem.

— Para ficar claro, esconder meu noivado não é uma opção plausível, não aceito isso, então ou trabalhamos com isso da maneira mais leve possível, ou eu educadamente farei questão de mandar quem for que seja para fora da minha empresa. — Eleanor diz, direcionando o olhar ao Diretor de Marketing ali. — Fui clara o bastante?

Que mulher gostosa.

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⏰ Última atualização: Apr 14 ⏰

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𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora