one more time

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Naquela última noite em Paris, Billie e Eleanor passaram as próximas horas conversando deitadas na cama. Puseram todas as cartas na mesa — ou quase todas —, e pela primeira vez tiveram um diálogo sem mentiras ou omissões bem feitas, era como se o universo finalmente decidisse as ajudar a permanecerem juntas, nem que por apenas uma noite.

Billie entendeu o lado de Eleanor, explicou o seu, e entraram em um bom senso.

Após ouvir todos os dois lados da história, o cansaço abateu suas mentes fortes e acabaram por dormir alí mesmo, abraçadas uma a outra com as luzes acesas e a janela fechada.

A primeira a acordar foi Eleanor, que teve como primeiro ato observar o rosto sereno de Billie enquanto dormia e suspirava baixo. Ajeitou uma coberta sob seu corpo e fechou a janela para que ela pudesse dormir mais um pouco. Quando se sentou na cama novamente, sentiu a mão de Billie envolver sua cintura e a puxar para trás.

Com o toque seu tronco cai na cama, O'connell ajeita sua cabeça no vão do pescoço da mais nova.

— Você deveria estar dormindo — murmurou ela, com a voz rouca e sonolenta que carregava todas as manhãs.

— Posso dizer o mesmo — murmurou Eleanor de volta, em um susurro. Ela se virou podendo olhar nos olhos azuis meio abertos que a encaravam com cansaço e atenção. — Você fica bonita quando acorda.

Hernández toma a liberdade de deslizar seus dedos finos pela bochecha de Billie até parar no seu pescoço com um carinho sutil. Sem pressa alguma como sempre tiveram, e sem preocupação alguma, ela pode observar todos os detalhes nela bem alí. Os traços fortes, o cabelo curto meio desgrenhado e o olhar formavam uma combinação quase perfeita ao seu ver.

Também foi ela quem não conseguiu se conter ao ver o sorriso mínimo de Billie, e a beijou.

Ela admitiu que sentiu falta do seu beijo, de estar tão perto assim, e de sentir o calor do seu corpo. Mesmo que embora não fosse um beijo como os outros, sem conotação sexual alguma ou língua envolvida, sentiu como se fosse o melhor beijo que dera com alguém em toda sua vida.

Pela primeira vez, houve sentimento.

Um sentimento puro e diferente das outras sensações que havia tido, não sentia aquelas borboletas agitadas — ansiedade — no estômago, Billie conseguia a transmitir uma paz inexplicável, mesmo que nenhum dos seus problemas estivessem resolvidos.

— Fica comigo mais um pouco? — a pergunta de Billie era clara, e Hernández ficou feliz em sussurrar um breve "sim" e sentir seu corpo ser abraçado pela colega de trabalho.

Ambas sabiam que aquela poderia ser a primeira e última vez que houve uma oportunidade de ficarem juntas, apenas aproveitando a companhia que ambas puderam proporcionar. Preferiam não falar sobre isso, viver por mais algumas horas na sua bolha.

E foi isso o que fizeram. Trocaram palavras doces e carícias por mais algum tempo, até que duas batidas à porta as fez ficarem tensas.

— Deixa comigo... — disse Eleanor, se soltando dos braços de Billie. Ela se levantou e foi até a porta, girou a maçaneta e abriu-a minimamente para que pudesse ver quem é, para só então abrir a porta mais um pouco.

— Bom dia, cadê a Billie? — Eleanor abriu mais a porta, assim, Matteo pode ver a mulher sentada na cama — Bom dia — ele sorri — Preciso da sua ajuda com uma coisa.

— Aconteceu algo? — Matteo negou.

— Vou passar uns meses em Londres, queria saber se você poderia me recomendar algum apartamento já que conhece a cidade melhor do que qualquer um aqui — Billie assentiu.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora