circus

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Deixo o celular sobre a mesinha ao lado da cama, descendo as escadas enquanto escuto o barulho da chuva. É tão forte que me deixa apavorada, o que faz com que uma noite que deveria ser tranquila se transforme num clima de madrugada. Billie está sentada na bancada, a roupa formal do trabalho é presente, mas o blazer está sob seu colo, as tatuagens a mostra e o cabelo solto. Em suas mãos, um copo, e a sua frente, dois envelopes, uns papéis e uma garrafa de vodca.

Me aproximo dela. Ela se vira para mim, o rosto avermelhado e os olhos baixos.

— Conseguiu descansar? — ela pergunta, levando a mão a minha cintura.

— Mais ou menos — respondo, beijando sua testa — Me desculpa por gritar mais cedo, a conversa com minha mãe me deixou meio... atordoada.

— Eu te entendo — diz ela, baixando o olhar.

— Que cara de choro é essa? — passo os dedos em suas bochechas, sentindo uma lágrima descer por uma delas. — Billie...

— Senta aqui. — ela indica o banquinho ao seu lado.

Me sento ali, observando-a terminar sua bebida e colocar os envelopes à minha frente.

Dois envelopes idênticos, com um selo feito a mão em cera azul com resquícios de folha de ouro. Encaro as iniciais cravadas ali, "K.W."

— O quê é isso?

— Pode abrir. — Billie confirma.

Pego um dos envelopes em mãos, e assim que retiro o conteúdo dali sinto meu coração na boca.

São imagens de uma câmera de segurança da empresa, que dá visão para a minha sala, onde eu e Billie estamos claramente nos beijando.

São muitas fotos, muitas e muitas fotos. Mostram nós duas conversando, depois nos beijando, e depois rindo juntas, com as testas coladas.

— Quem te mandou isso?

— Eu não sei. Não tem endereço nem selo, nada, amor, não tem como rastrear. — Billie passa a mão pelos cabelos, visivelmente nervosa. — Recebi esse envelope a um mês mas não dei importância, esse outro chegou hoje aqui em casa, alguém jogou pelo muro e o Shark começou a latir com a pessoa. E ele nunca é agressivo com ninguém, Ele.

— Bill, isso é uma ameaça muito amadora. E além do mais, eu sabia dos riscos quando decidi ficar com você. E não vai demorar nada até que todos estejam sabendo de nós duas, né?

— Eu sei. Mas não é por isso. — diz ela, arrastando o outro envelope na minha direção.

Abro o outro envelope, e são mais fotos.

Mas dessa vez não são várias fotos de uma câmera de segurança de um momentos.

Agora são varias fotos de vários momentos diferentes, e não são de câmeras de segurança.

Há uma foto minha com Billie e Anne saindo do carro, entrando em casa. Em outra eu estou sozinha saindo do elevador do meu prédio. Outra foto, dessa vez é Billie com Maggie sentadas em um banco numa praça. Depois, eu e Billie de mãos dadas no estacionamento da empresa.

Mas o assustador não é isso, o assustador são as fotos que vem a seguir.

De repente, é uma foto minha e de Billie, deitadas na cama da casa dela, dormindo uma abraçada a outra. Dessa vez não é uma foto tirada em estilo paparazzo, é um foto que foi tirada de dentro da casa, aquela visão da fotografia só poderia ser possível se a pessoa estivesse dentro do quarto, no batente da porta.

Aquilo sim era uma ameaça real.

— Claudia está vindo te buscar, não é seguro te deixar dormir aqui de novo.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora