faking feelings

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Sinto a sua presença comigo, quando abro a porta do quarto e a deixo passar primeiro, fechando-a novamente quando entramos no local.

Billie estava diferente, e não sabia diferenciar o que era. Ela trajava uma camiseta branca leve e grande, combinada com tênis escuros e calças no mesmo tom. Uma corrente pendia em seu pescoço e argolas repousavam em suas orelhas. Suas tatuagens estavam a mostra, e talvez fosse por isso que eu não conseguia tirar o olhar dela nem por um segundo se quer.

— Meu pai disse que devemos estar no evento amanhã após o almoço — digo, me controlando para tentar regularizar minha respiração — De manhã tomamos o café da manhã e o almoço aqui com a minha família e então vamos até lá após.

Billie assente, analisando o ambiente.

Era um quarto grande, com closet e banheiro alí também.

— Sabe que você não vai poder ficar me ignorando por mais tempo, não sabe? — suas palavras são doces, mas em um tom provocativo — Eu vou ficar três dias dormindo na mesma cama que você, Eleanor, vai precisar falar comigo alguma hora.

— Não estou te ignorando, não é isso o que 'tá acontecendo, eu só não... — paro de falar na metade. O quão idiota soaria se eu dissesse que ela era a primeira mulher a qual eu senti atração? Billie me acharia ridícula em um milhão de formas. Ela já parece ter vivido tudo o que queria, e eu só sou a filha do patrão. — Não é isso o que 'tá acontecendo.

Ela arqueia uma sobrancelha.

— Está apaixonada? Percebi que você e Madden estão bem...

— O quê? Não! Dixon é um cara legal mas... — não é você — É só um colega de trabalho.

— Não seria o primeiro colega de trabalho que você usa por carência, não é mesmo? Deve ter uma lista longa deles, ou delas. — ela sorri fraco. Fico perplexa com suas palavras.

— Eu não... Por quê acha isso? — ela dá de ombros.

Um vento forte entra pela vidraçaria, a escuridão da noite deixava tudo mais melancólico. As cortinas vibraram com a corrente de ar e madeira da vidraça se agitou em um grunhido arrastado.

— Talvez porquê você só me procura quando quer algo, e depois finge que não me conhece.

— Se você não gostasse me mandaria parar, não sei do quê está reclamando agora. — posso ver que as minhas palavras a afetam na mesma hora.

Me arrependo do que digo na mesma hora.

Billie parece me olhar por alguns segundos, se proibindo de falar o que queria. Quando aquele silêncio perturbador se finda posso escutar sua voz baixa novamente.

— Babaca.

Com a fala, O'connell deixa o quarto, batendo a porta com força antes de sair.

Me permito respirar fundo quando ela já não está mais alí, apoiando minhas mãos no joelho e me encostando na parede.

— Ei, tudo bem? — levanto a cabeça, Finneas me observa pelo vão da porta com uma feição preocupada. — Não parece bem.

— Mas eu estou — retruco.

— Hm. — o ruivo me encara por alguns segundos, para ter certeza de que eu não estou mentindo — Vim avisar que todo mundo já 'tá indo dormir, dar boa noite também, então... Boa noite, Claudia te mandou um beijo.

— Boa noite, Finneas. Manda um de volta 'pra ela, por favor — ele sorri e assente, deixando o quarto logo após.

Quando Billie demora demais voltar, decido tomar um banho e tentar tirá-la da mente. Não adianta nada. Mesmo que eu entre no chuveiro, pense em mil e uma coisas, todas elas se voltavam a Billie, como um ciclo sem fim. Quando saio do box, me enrolo na toalha e olho se não há ninguém no quarto antes de ir em direção à minha mala ao lado da cama para pegar as roupas que eu usaria.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora