Suas palavras ecoam em um loop. "Já passamos uma noite conversando sobre arte"...
Conversando sobre arte?!?
— Neste caso, não se importaria se eu lhe pedisse para a apresentar à empresa certo? Preciso comparecer ao meu setor devido a um imprevisto.
A fala de Dixon me desespera.
— Imprevisto? — pergunto a ele.
— Por alguma falha mecânica as leveduras não estão agindo como deveriam agir na etapa de Fermentação — ele explica, fazendo-me lembrar de todo o processo demorado de produção ao qual estudei — É comum, mas quanto antes resolver isto, menor é o prejuízo acarretado.
— Não se preocupe, posso apresentar a empresa a nossa presidenta, com o maior prazer. — Billie afirma, parecendo mais profissional e até mais atraente do que no dia anterior.
¡Dios mio! Meus três anos estudando em um internato de freiras não adiantaram em nada?
— Certo, obrigada — ele sorri, dando um passo para trás — Me desculpe, mesmo, gostaria de lhe apresentar tudo com direito a fofocas e mais, porém o momento não é conveniente.
— Está tudo bem, já me é de grande ajuda que seja comprometido com o trabalho — minto, pela segunda vez à mesma pessoa, em menos de uma hora.
Dixon murmura um "Até o almoço" e se afasta, me deixando a sós com a tal Billie.
— "[...] passamos uma noite conversando sobre arte". — tento entonar a voz da mulher a minha frente assim que somos deixadas a sós na sala e o último homem sai — Conversando sobre arte, sério?
Seu olhar parece me condenar a cada segundo. Me sinto cada vez menor perto dela.
— Me desculpe, chefe. Na próxima vez direi que você gozou na minha boca e me deixou cheia de marcas.
As palavras fortes combinam com o rouco da voz e o suspiro antes da fala. Não consigo pensar em resposta alguma, meu cérebro parece querer me ferrar passando cenas explícitas da noite anterior, como num filme sáfico dirigido por um homem hétero. Tudo naquela mulher brilhava e queimava de um modo diferenciado, ao qual jamais poderia se quer tentar explicar.
— Posso lhe apresentar a empresa agora? Se não houver tempo o suficiente, talvez pelo menos posso a passar parte jurídica e econômica — assinto.
— Dixon me explicou sobre a fabricação do produto e a parte administrativa.
— Certo... — não consigo decifrar seu olhar.
Segundos depois, decido não dizer mais nada sobre quaisquer resquício de uma possível relação interpessoal que tivera com ela e não dou brecha a qualquer assunto parecido. Algo que parece fácil em teoria, mas me fez ter surtos internos durante todas as três horas em que tive de escutar sua voz ríspida e profissional me explicando detalhes da jurisdição empresarial, graças à minha maldita imaginação fértil.
— Está prestando atenção em algo que eu digo? — ela me pergunta, com a postura ereta sentada na cadeira a minha frente — Com todo o respeito, a Senhora parece se concentrar em qualquer coisa menos nas minhas palavras.
— Estou prestando atenção em você, O'connell — "até demais", poderia dizer — Estava terminando de me por ciente do último processo acarretado pela demissão de forma indevida do último Gerente de Produção, estou certa?
Ela assente.
— Aproveite que a Senhora é a nova mandante aqui e coloque seu amiguinho Madden no lugar dele, todos já estamos cheios daquele idiota nos fazendo perder dinheiro pelos erros estúpidos vindos somente dele — semicerro os olhos tentando a entender.
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𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ
FanfictionAinda que cercada pela fama em seu sobrenome, Eleanor finalmente se muda a Londres assumindo a empresa que lhe é de direito em busca de um novo começo. A jovem adulta planejá-ra todo movimento executado dentro da empresa, mas acaba dormindo com uma...