making the bed

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Observo a movimentação da empresa enquanto cruzo o hall de entrada. Lauren sorri ao meu lado enquanto conta dos detalhes do seu casamento que já se aproximava, o que antes era um pouco mais de um ano de espera se tornara alguns meses.

Havíamos acabado de sair de uma reunião em uma cidade vizinha, mas minha cabeça estava muito longe dali. Desde as ameaças eu não consegui descansar e muito menos focar em nada, muito menos o trabalho. Minha mente estava ocupada demais se preocupando com a segurança de Eleanor, minha mãe já havia voltado para Los Angeles, e quando conversamos por telefone disse que ela e papai deveriam passar um tempo em um apartamento que tenho em Nova York e eles aceitaram a proposta, isso me deixava ao menos com algo a menos para ter na cabeça.

— Você e a Eleanor vão ficar maravilhosas juntas! Imagina, as duas, entrando de mãos dadas e vestidos combinando como cena de livro...

Sorrio com a sua frase.

— Ah, e a gente vai casar — digo, com um sorriso enorme no rosto.

— Boa piada!

— É sério, não é piada.

— O quê?!? — Lauren se vira para mim como se tivesse um ponto de interrogação em sua testa — Eu não acredito.

— Eu também demorei uns segundos pra acreditar que era real quando ela me pediu. — sorrio como a grande boba apaixonada que eu sou, provocando uma risada genuína na minha amiga.

Subimos o elevador, me despedi de Lauren quando ela parou em seu andar, e eu subi para o meu, ainda carregando um sorriso idiota no rosto, como se eu houvesse descoberto um grande tesouro.

Quando estou cruzando o corredor para ir para o meu escritório, vejo Eleanor na outra ponta do corredor em frente a sua sala. Ela olhou para cima e passou a mão na nuca, e só depois que percebi o quão mal ela aparentava estar seu olhar me viu ali. E assim como sempre acontece quando estamos juntas, suas barreiras quebraram, e eu vi ela desmoronando mais uma vez.

Corri em sua direção, agradecendo mentalmente pela ausência de uma secretária e de outros empresários ali.

Praticamente carreguei minha mulher para dentro da sala. Ela não conseguia ficar em pé, e desabou em choro nos meus braços. Um choro escandaloso, que seria ouvido por outros funcionários se aquele andar não estivesse vazio.

Me abaixei no chão, abraçando seu corpo a fim de tentar a acalmar, e fiquei assim por muito — muito — tempo.

— Amor, eu estou aqui com você — murmurei, afastando os fios de cabelo da sua testa suada — Seja o que for que esteja acontecendo, não me assusta, e não vai me fazer correr. Eu te amo.

Meu peito dói em a ver naquele estado. E mesmo não sabendo o que havia acontecido, eu sabia que tinha alguma conexão com o nosso relacionamento.

Me perguntava se Eleanor estaria nesse ponto se eu nunca houvesse aparecido em sua vida.

(...)

Eleanor só conseguiu se acalmar quando a carreguei até o sofá e deitei seu corpo apoiado em meu peito. Sabia que ela amava aquela posição, e que meu abraço a acalmava.

— Se sente melhor? — pergunto, quebrando o silêncio ali.

— Uhum — continuo passando meus dedos entre seus fios loiros. Eleanor brinca com os meus dedos enquanto eu a observo. — Minha assessoria marcou uma reunião hoje a noite.

— Eu te espero pra irmos embora juntas?

— A reunião é com nós duas — engulo a seco com essas palavras.

Quando se tem um relacionamento com uma magnata, as únicas coisas que podem ser assustadora são: o pai dela e a imprensa. No pai eu já dei um jeito, mas a imprensa?

— Pode me adiantar o assunto? — pergunto, sentindo a ansiedade a mil. O silêncio de Eleanor me deixa mais afoita, e o que me quebra é começar a escutar o seu soluço de choro de novo. — Amor...

— Eu não aguento mais — ela murmura — Não suporto mais esse trabalho, essa vida,  aminha família. Eu quero tanto acabar com tudo isso — Sinto sua mão começar a tremer e sua voz falhar.

— Eleanor... — murmuro. Já havia dito aquilo antes, e estive uma vez a ponto de cometer a maior besteira que pude pensar. Meus olhos se encheram d'água ao pensar em um dia perder ela.

— Eu sei o que vai dizer, amor — ela se afasta um pouco, o suficiente para sair do meu abraço e se sentar ao meu lado. Noto seu rosto avermelhado e as lágrimas caindo de seus olhos. O lábio treme assim que ela começa a tentar falar — Eu te amo.

— Eu também te amo. — me sento ao seu lado, segurando sua mão, sinto seus dedos me apertarem forte.

Ela sorri fraco, e as lágrimas aumentam.

— Eu não tenho nem vinte e cinco e estou entre as maiores magnatas do continente — ela diz, dando de ombros — Todo mundo quer tanto de mim, toda hora, e eu não suporto mais isso. Vivi minha vida toda assim, e cheguei no meu limite. Cada pessoa espera algo de mim, algo que eu não sou. — secou suas lágrimas — Eu estou tão... cansada, de ser eu.

— Eleanor...

— Parece que eu tô cavando a minha própria cova, Bill. Eu não quero ter mais que ficar bêbada pra suportar essa vida. — Sua última frase me pega desprevenida. — Eu sou fraca demais.

— Não, você definitivamente não é fraca — passo o indicador embaixo de um dos seus olhos, a fazendo olhar para mim — Você carrega um peso enorme nas costas, não é qualquer um que suporta tal coisa.

— Mas...

— "Mas" nada. — a interrompo — Você é a mulher mais forte que eu já conheci. — sorrio fraco — Sou extremamente grata a você por me ensinar a ser forte com você a cada dia, Ele. Nossos filhos vão ter o melhor exemplo do planeta.

Sinto que minhas últimas palavras também a pegam desprevenida, sua boca treme e ela sorri largo, com as lágrimas escapando pelos olhos.

Abraço seu corpo, sentindo a oscilação do seu tórax entre ada soluço e fungada que seu corpo expelia automaticamente.

— Eles vão crescer contando pros coleguinhas todas as histórias da mãe deles, e todas as outras mães vão se morder de inveja de você — sorrio, imaginando um futuro com ela — E eu... vou fazer questão de expor minha esposa gostosa nas reuniões de pais, deixar todo homem de meia idade la morrendo de inveja também... mas de mim por ter você — Eleanor deu uma risada.

— Ah, Billie... — ela afastou o rosto, colando nossas testas molhadas. Seus olhos pareciam menos tristes agora — Obrigada.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora