another motherfucker

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Balanço o restinho do café doce à minha frente, Lauren parece saber exatamente do que eu estava precisando quando ela entra na sala carregando uma sacolinha da lanchonete.

— Boa tarde, Sra. Hernández — Jauregui ergue a sacolinha de papel na minha frente — Sua namorada chegou agora e me pediu 'pra te entregar.

— Obrigado, e ela não é minha namorada — ela ri fraco quando me escuta.

Pego a sacolinha e a ponho em cima da mesa, observando os dois 'croissants' embalados e uma garrafinha de suco de limão dentro. Um 'post-it' vermelho está grudado na parte interna, a caligrafia bonita é a cara de Billie, que escreveu a frase "Para se relembrar do que aconteceu em Paris".

Dou um sorriso largo quando leio a frase.

Billie acabára de me fazer feliz, mesmo depois de ficar três horas diretas fazendo contas e mais contas de logística.

— Na minha humilde opinião vocês duas deveriam se casar, pular a parte do namoro e toda essa baboseira... — rio de Lauren — Estou falando sério!

— Como você e Mila?

— Exato, como eu e a minha noiva. — os olhos de Jauregui tem até um brilho diferente quando ela diz o nome da namorada em voz alta. — Falando em noivado, pensa que Billie toparia vestir um vestido 'pra ser minha madrinha? Ela ia ficar tão linda... Sem contar que eu nunca vi ela vestindo um vestido antes, seria icônico.

— Ela ia ficar maravilhosa, mais do que já é, se isso ainda é possível — Lauren concorda — Falo com ela mais tarde e te atualizo, pode ser?

— Agradeço imensamente pela sua ajuda. E porquê me chamou?

— Preciso de alguém para ir até à fábrica resolver alguns assuntos de política empresarial sobre a última carga para mim, pensei em você — a respondo, levantando da cadeira. Já não aguentava mais ficar sentada por tanto tempo — Não posso sair da empresa e tenho certeza que você consegue lidar com isso. O carinha que cuida do transporte vai com você, e irá te explicar tudo antes de chegarem lá.

— A que horas saímos?

— Daqui a uma hora, só lembre suas senhas caso precise acessar algum arquivo.

— Certo, faço isso 'pra você — agradeço com um gesto.

Eu não precisava de ninguém para me substituir, eu só queria testar Lauren.

Desde que cheguei, ela foi a pessoa que mais notei o esforço, não só quando estive na empresa, mas durante meu tempo ausente. Ela conseguiu cuidar de tudo praticamente sozinha, e isso é sim, algo ao qual admiro imensamente. Por esses motivos, James, o funcionário que trabalha no transporte de matéria-prima, está me ajudando supervisionado-a e me pondo a par de como ela irá se sair.

Era injusto que Jauregui estivesse se matando de trabalhar — pelo que li nos relatórios e constatei por eu mesma — a mais de dois anos e ainda estivesse em um cargo que não a merecesse realmente.

— Com licença... — Rosa entra na sala vagarosamente após bater no móvel e eu a autorizar — Sra. Hernández, seu pai solicita sua presença na sala de reuniões principal.

Franzo o cenho.

— Ele ainda está aqui? — a secretária assente, se retirando da sala.

— Vai lá, eu me viro — Lauren sorri fraco.

— Que saco — bufo em descontentamento, ela ri nasal.

Aquela história de "conferência em Paris" realmente pareceu me enganar no princípio. Mas depois de alguns dias pensando no mesmo assunto é impossível não notar algumas coisas, uma delas era como ele apareceu aqui, completamente precipitado.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora