to trust

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As portas do elevador se abrem me deixando diretamente na cobertura do prédio. Claudia me olha com um sorriso no rosto, ela vem até mim e me abraça, consigo escutar seu grito de alegria quando ela vê o cachorro atrás de mim.

— Ele é meu apoio emocional, okay? Seja legal com ele — ela ri.

— Achei que seu apoio emocional fossem os peitos da Billie. Inclusive, ela passou aqui te procurando ontem, tá tudo bem? — assinto.

— Tivemos uma discussão, mas vou resolver isso o quanto antes. — Claudia assente, sem mais perguntas. — Cadê a Emily?

— Na casa do ficante que ela conheceu a três dias — entro na casa, sinto o elevador se fechar atrás de mim.

— Só vim me arrumar e depois ir 'pra empresa. Fiquei tão dispersa essa semana que até esqueci do contrato que preciso fechar hoje — digo, caminhando em direção ao meu quarto.

— Vou fazer um café 'pra gente! — sorrio com a sua animação.

— Obrigada, Clau, te amo.

— Te amo também, teimosa.

Volto a rotina de sempre.

Tomo o banho de sempre. visto a mesma roupa formal de sempre, tudo como o de sempre. Com a excessão o broche de prata com o brasão da minha família, quase nunca o usava mas hoje ele me encarou por tanto tempo que até cheguei a ter pena de o deixar guardado no cofre novamente. O coloco sob a minha blusa social azul marinho.

Pego minha bolsa que havia trago da casa de Billie, na mesma hora lembro-me da noite anterior, das coisas que falei, e é impossível não me arrepender de ter tido a reação que tive.

Vou até o banheiro, olho meu rosto, o cabelo um tanto úmido pelo banho tomado. Ajeito minha calça de alfaiataria preta, minha blusa continua aberta mostrando os detalhes do meu sutiã de renda branco, o banheiro estava com uma temperatura quente e o chão ainda estava escorregadio por conta do vapor d'água de minutos atrás.

Passo um corretivo embaixo dos olhos a fim de disfarçar as olheiras, uma tentativa falha, meus olhos continuam um tanto fundos, como se eu estivesse de ressaca.

Pego meu celular, ainda era 6:10, a reunião era às 9:30. Passados apenas segundos, meu celular desliga, e a imagem da pouca bateria se acende.

Escuto a porta do meu quarto ser aberta, presumo ser Claudia e continuo ajeitando meu cabelo no espelho.

— Clau, tem como você me emprestar o carregador portátil? Fiquei de passar na casa da Lauren, e... — ergo meu olhar, percebendo as tatuagens atrás de mim. Billie me finta pelo espelho opaco com um sorriso no canto dos lábios. Ela usava uma regata que deixava as tatuagens do seu torso a mostra e uma bermuda clara, ela também tinha os olhos fundos e um olhar cansado. Continuava linda, como sempre. É insuportável como ela sempre permanece assim. — Que susto, Billie.

— Bom dia — diz ela, se encostando no batente da porta — Eu meio que pedi 'pra Claudia me avisar quando você chegasse.

— E cadê ela?

— Saiu a alguns minutos.

Permaneço alguns segundos encarando seu rosto, fitando suas tatuagens. É um tanto maluco o quanto eu sou totalmente hipnotizada por ela.

— Ontem eu fui 'pra casa do meu irmão, fiquei um bom tempo conversando com ele — estalo meus dedos na minha frente, só assim, olhando para baixo, percebo a minha blusa aberta, mas não a fecho quando percebo o olhar de Billie sobre mim— Me desculpa por ter reagido daquele jeito, você não precisava ter escutado aquelas coisas. O problema é que eu já passei por tanta coisa no meu antigo relacionamento, e quando você me contou eu projetei tudo aquilo no que nós temos por impulso.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora