the first sunrise

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Os primeiros raios de Sol invadem o quarto clareando sutilmente com um alaranjado discreto. Na sacada, Hernández está em pé com os braços apoiados no parapeito enquanto a brisa fria vai de encontro ao seu corpo, ela está vestida com uma camisa preta dois números maiores que o dela e uma bermuda. As cortinas brancas estão abertas, e o toca discos reproduz a música 'Brooklyn Baby' de Lana Del Rey, especificamente alguns versos que antecedem o refrão.

— Bom dia — murmuro me aproximando dela. Deixo um beijo em sua testa e as canecas sob a pequena mesinha circular que ficava alí no cantinho.

— Bom dia — Eleanor deposita um beijo na minha bochecha.

Me posiciono atrás dela e envolvo sua cintura em meus braços enquanto ela acaricia minhas mãos. Seu toque é suave, e me traz uma sensação de paz indescritível.

— Eu te disse que a vista daqui era incrível — murmura ela, olhando diretamente o nascer do Sol.

Atrás da London Eye e do Big Ben, outro dia se inicia.

É tudo lindo, a junção dos primeiros raios solares, a avenida quase vazia, os reflexos no Rio Tamisa, o som dos passarinhos, da música baixa e acima de tudo a mulher a minha frente.

— Você tinha razão — a respondo. Hernández joga a cabeça para o lado podendo olhar nos meus olhos, ela sorri, e posso prestar atenção no seu sorriso como nunca antes.

— Eu 'tava com saudades — diz ela, logo antes se virar para mim e ajeitar meu cabelo que voava às laterais externas das minhas bochechas.

Ela não se referia a o que aconteceu a noite.

— É, eu também — digo de volta.

Quando suas mãos envolvem minha nuca, puxo seu corpo e a abraço. Seu aperto é forte e quente.

Cada momento que tenho com ela é por si só indescritível, mas aquele em específico é o que me atrevo a dizer o melhor que já tivemos. E foi alí, com o nascer do Sol, todas as mais clichês coisas e Lana Del Rey, que tive certeza de algo que rondava a minha cabeça desde que voltamos a Londres.

Eu estou apaixonada por ela.

Perdidamente apaixonada.

Não estou falando do tipo de paixão que você gosta da companhia da pessoa e só quer ficar um pouco com ela; Mas sim do tipo que você quer construir algo sério com ela, mesmo que tudo e todos estejam contra, você ainda quer aquilo, ainda quer que tudo dê certo.

Estou apaixonada no jeito nervoso que ela passa a ter toda vez que eu a olho por mais de alguns segundos, apaixonada no seu olhar, no seu sorriso, na forma como ela se dedica, como é empenhada, em como cuida das pessoas, em todas as suas frases sem sentido, em todos os seus defeitos, em como ela fica bonita concentrada e em como ela me faz sentir mil e uma coisas sem se quer notar.

— Acabei tudo o que tinha com Madden ontem a tarde — ela murmura ainda no meu abraço — Quero que nós duas juntas dê certo.

— É o que eu mais desejo. — murmuro de volta. Me afasto um pouco para poder olhar seus olhos.

Seus olhos castanhos-claro tem as pupilas dilatadas, provando que ela não mentia quando dizia gostar de mim.

Sendo a manhã mais clichê já vivenciada por mim, Hernández me beija ignorando a presença de qualquer um na rua que pudesse nos ver. Encerro o contato deixando rápidos selinhos nela e sorrisos idiotas. Me sinto estupidamente feliz apenas com aquilo. Já fazia tanto tempo que não sentia nada assim, e talvez por isso fosse tão intenso, mas não muda o fato de que mesmo que não fosse a pessoa "adequada" para eu me apaixonar, é um sentimento tão forte que nos faz por tempos ignorar absolutamente tudo.

𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐈𝐍 𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 | ᵇ.ᵉ Onde histórias criam vida. Descubra agora