Galaxian

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Quarta feira ~ Folga ~ 9:35AM

O toque do celular ecoava pelo quarto em alto e bom som, que desfez o sono do casal. Izuna e Tobirama abriram os olhos com preguiça, a mão do Uchiha saiu do peitoral nu de Tobirama e foi aos seus próprios olhos coçando-os. Ele sentou-se na cama e notou que o fino lençol cobria a ambos apenas da cintura para baixo. Izuna localizou de onde vinha o som e estava no bolso da calça que havia usado no dia anterior, a peça de roupa estava jogada no chão junto a outras peças de seu uniforme junto a camisa de Tobirama, calça e o macacão que o Uchiha tanto atazanou o Senju na noite anterior quando ele satisfez as fantasias mais insanas dele, Izuna deu um leve sorriso tímido ao se lembrar de fazer o Senju ter se vestido única e exclusivamente com aquela roupa para ele poder tirá-la ele mesmo.

Enfim, Izuna voltou a si quando o celular voltou a tocar alto. O Uchiha retirou a coberta de cima do corpo deixando a nudez exposta e foi até onde a calça estava jogada dali pegou o celular e atendeu o mesmo com a voz rouca de sono enquanto voltou para a cama levando a mão aos cabelos os bagunçando ainda mais enquanto se encostou no peito de Tobirama que já estava sentado, encostado na cabeceira da cama. Enquanto o Uchiha estava no celular o albino ficou a desliza a mão quente e macia sobre a pele do braço de Izuna.


— Alo.
— Izuna Uchiha? — Perguntou a voz feminina do outro lado.
— Sim, quem é? — Ele olhou para a tela do celular , não reconhecendo o número.
— Sou Abby, sou do RH da Worldwide, tinha uma reunião agendada com o senhor hoje às 9:00 e como não compareceu gostaria de saber se está tudo bem. — Disse a mulher e Izuna franziu o cenho.
— Eu não marquei nada. — Disse ele coçando a cabeça.
— O Senhor Peter disse que agendou com você uma reunião para hoje.
— Olha moça, Abby, desculpe mas ele não disse nada, e alias, ele não está preso, não?

Tobirama arqueou a sobrancelha com o assunto e logo Izuna colocou no viva voz para que seu marido entendesse o que era aquela conversa estranha.

— Ele pagou fiança. Mas enfim, você consegue chegar aqui às 11 horas? — Perguntou a mulher.

— Sobre o que seria essa reunião, você sabe ao menos me dizer isso? — Perguntou Izuna.
— Ele marca essas reuniões com os funcionários pessoalmente apenas para tratar dos assuntos relacionados à demissão e como você pediu pensei que soubesse que fosse sobre isso. — Disse a mulher do outro lado.
— Eu não pedi nada. — Rebateu o Uchiha.

— Eu só estou passando o recado, você consegue chegar aqui às 11:00 ou não? — Perguntou a mulher, impaciente e Izuna olhou para Tobirama que olhou no relógio e assentiu ao marido.
— Sim, sim. Consigo. — Disse Izuna e desligou o telefone antes da mulher responder, ou antes que ela fizesse isso.

Izuna olhou incrédulo para o Senju pelo que acabou de ouvir e Tobirama levou a mão ao rosto do marido e o puxou para um selar de seus lábios onde disse em seguida. — Não se preocupe, você vai conseguir outra companhia logo. — Izuna assentiu e abraçou o marido fechando seus olhos e Tobirama soube que o garoto estava chorando quando sentiu suas lágrimas tocarem a pele quente do Senju que levou as mãos aos cabelos de Izuna e os afagou. Mas logo ele tratou de soltar Izuna, afinal tinham menos de uma hora para sair se quisessem chegar a tempo.

Ambos tomaram banho juntos para economizar tempo, após se vestirem de modo despojado, Tobirama com um jeans azul básico, all star e uma camisa branca e Izuna com um jeans preto, camisa preta e um coturno desceram e tomaram um café rápido depois disso enquanto Tobirama foi esperar o Uchiha no carro depois de pegar duas jaquetas ao sair, Izuna subiu para pegar sua pasta de documentos que com certeza seria necessário e ao descer de novo ele fechou a casa e foi para o carro, deixou a pasta no banco de trás e fechou o cinto.

O olhar de Izuna estava fixo no lado de fora, ele via a figura borrada das pessoas que andavam na calçada passar rápido por seus olhos, sua cabeça estava encostada no vidro e concentrava-se o máximo que conseguia para conter as lágrimas. Ele sabia que aquilo era um passo para trás, mas algo o incomodava mais, que era saber que o homem ao seu lado pensava que aquilo era culpa dele quando na verdade não era. Izuna olhou com o canto do olho para Tobirama e notou a expressão séria do marido que dirigia, ele conhecia muito bem aquele sentimento de culpa que estava explícito nos olhos carmesins.

O mais novo levou uma das mãos à perna do Senju, que por um momento tirou o olhar da rua e olhou para Izuna que sorria, mas logo ele voltou a olhar a estrada. — Está bem? — Perguntou ele devido ao ato repentino de Izuna.

— Não, porque eu sei muito bem o que se passa em sua mente, Tobi. — Começou Izuna e o albino olhou para o Uchiha rapidamente mais uma vez e voltou a atenção a direção. E Izuna prosseguiu. — A culpa não é sua . Eu não vou ser demitido porque você deu uma ordem ao meu chefe.

— E pelo que vai ser então? Por salvar aquelas pessoas? — Perguntou o Senju, irônico, sem tirar o olhar do caminho.

— Desconfio que seja porque não pousei aquele avião onde deveria. — Disse o mais novo e enfim seguiram em silêncio agora. Ao chegar na sede da Worldwide linhas aéreas Tobirama estacionou o veículo e Izuna se soltou do cinto se virando para pegar a pasta de documentos ele se virou para abrir a porta mas notou que Tobirama apenas soltou o cinto mas não se mexeu para sair e olhou para o Senju confuso. — Você não vai lá comigo?

— Se ele me ver com você a coisa não vai ficar pior do que já está? — Perguntou Tobirama e Izuna sorriu e disse. — Já estou fodido de qualquer jeito Tobi, e se você não se importar, eu quero ter um ombro pra chorar quando eu sair daquela maldita sala. — Izuna forçou um sorriso e Tobirama sorriu com a piada realista de Izuna e enfim antes de saírem do carro ambos trocaram um selinho e vestiram as jaquetas que o albino havia pego antes de saírem sendo a de Izuna uma jaqueta azul marinho jeans e a do Senju uma jaqueta preta de couro e enfim foram para fora do veículo, o Senju ativou o alarme e foi até Izuna passou o braço sobre o ombro do garoto e seguiram para dentro da recepção do escritório da empresa. Ao chegar ao balcão, Izuna disse que tinha uma reunião para às 11. A mulher pediu o documento de identificação do mesmo e ele entregou à mulher, e ela estendeu a mão ao Senju pedindo a documentação dele também. — Eu só estou acompanhando ele. — Disse o homem e a mulher assentiu e disse para eles esperarem na sala ao lado. E lá eles foram, era uma sala que lembrava muito a sala de espera de algum consultório médico, ali tinha um sofá em cada um dos tres cantos da sala, no centro uma mesa com uma garrafa de café que parecia ter sido muito usada naquele dia a julgar pelo café escorrido na mesma e a pouca quantidade de copos descartáveis que continha ao lado, na mesma mesa havia algumas revistas e na parede pendia uma lcd não muito grande cuja estava ligada no noticiário, que com certeza não falava de outra coisa que não fosse o sequestro do voo 5623 e o pouso heroico na pista de decolagens espaciais da NASA.

Izuna se encostou no marido deitando sua cabeça sobre o ombro do Senju que envolveu um dos braços sobre os ombros de Izuna e o manteve perto de si enquanto levou a mão esquerda em direção a mão esquerda de Izuna que estava sobre a perna dele, entrelaçou seus dedos aos dele e por um momento ficou olhando para as alianças douradas em seus dedos com um leve e distraído sorriso estampado no rosto. Outra pessoa entrou naquela sala e eles não se afastaram, não tinha o porquê fazer isso, afinal, eram casados.

A outra pessoa apenas entrou, olhou para eles e se sentou no sofá do outro lado. Era alguém aguardando por algo também. Essa pessoa olhou do noticiário para Izuna e logo a pessoa que era uma moça loira de olhos claros disse. — Hey, você era o comandante daquele voo não era? Eu lembro de ter visto você no jornal ontem. — Izuna assentiu após as palavras dela e a moça sorriu. — Você foi um herói.

Izuna sorriu e disse em seguida, lançando um discreto olhar ao marido e apertando a mão de Tobirama. — Eu não teria conseguido sozinho.

A mulher sorriu e fez uma expressão surpresa ao se lembrar da história como um todo. — Ah é verdade a equipe de caça, às forças armadas são surreais, o modo como defendem nosso espaço aéreo é incrível. Sonho em conseguir ser aprovada um dia por lá. Mas por enquanto, fico presa nesse lugar. — A mulher riu apontando em volta e sobre Tobirama, ela definitivamente não tinha como reconhecê-lo, afinal era quase impossível reconhecer um piloto de caça devido a tantos equipamentos que usam, e isso era bom, a discrição.

Aliás eu sou Temari Nara. — ela fez um gesto de onde estava mesmo para cumprimentar ambos. Izuna retribuiu o mesmo gesto que parecia um meio aceno. — Sou Izuna Uchiha.— Tobirama repetiu o gesto. — Sou Tobirama Senju.

— Meu marido. — Disse o Uchiha exibindo um largo sorriso orgulhoso do que falava e fez Tobirama revirar os olhos com aquele jeitinho único de Izuna.

— Senju e Uchiha? — Disse a mulher e continuou. — O mesmo sobrenome do presidente e do secretário de defesa americana. Irônico mas interessante. — Ela riu

— Izuna Uchiha. — Disse outra mulher e Izuna e Tobirama se levantaram e a mulher apontou para Tobirama. — Você não pode ir lá para dentro, apenas ele. — O Senju assentiu e voltou a se sentar enquanto Izuna seguiu a recepcionista. O Senju pegou seu celular e começou a navegar pela internet para ver se existia alguma notícia que não fosse sobre o voo. Temari não disse mais nada, e como Tobirama não era muito de conversa, era óbvio que não puxaria assunto.

A secretária logo chamou a mulher e o Senju ficou sozinho naquele lugar por um longo tempo.Cansou de mexer em páginas de internet e começou a jogar um jogo que tinha instalado a bastante tempo no celular chamado "galaxian" tirou o som do aparelho e ficou jogando. O infante jogo consistia em uma nave que precisava atirar em naves inimigas e eliminar todas sem deixá-las acertar a própria nave. Basicamente o que fazia na sua profissão, mirar e atirar para salvar a si mesmo e outras pessoas. Mas o irônico de tudo é que Tobirama era péssimo nesse jogo, e só por isso insistia em jogá-lo, pois não tinha lógica alguma nisso e tinha pego birra do jogo, como podia ser tão bom naquilo na vida real e tão ruim na mesma coisa, só que digital. Não fazia sentido algum.

Ele passou o resto dos minutos que se transformaram em quase duas horas jogando até Izuna aparecer na porta daquela sala, a expressão séria e nitidamente triste fez Tobirama se levantar de imediato e guardar o celular que havia consumido quase a metade da bateria só com aquele jogo. Ao chegar perto do marido Izuna segurou a mão de Tobirama e seguiu com o albino e tirou a identificação que a recepcionista fez ele usar para poder entrar lá e jogou aquele crachá sobre o balcão fazendo o mesmo escorregar pelo móvel e cair no chão, não se importou com aquilo e saiu pisando firme cruzando a porta.

Ele seguiram silenciosos para o carro, Izuna entrou no banco do carona e jogou a pasta para trás e Tobirama assumiu o volante mas não ligou o carro, ele olhou para Izuna e o menor não manteve aquela feição de seguro e forte por muito tempo. O Uchiha desabou nos braços do Senju que afagou os cabelos de Izuna assim que o acolheu em um forte abraço.

Eles ficaram naquele modo por longos minutos, até Izuna se sentir controlado o suficiente para soltar o corpo do Senju que em nenhum momento desrespeitou seu espaço ou negou aquele abraço, o carinho que tanto precisava naquele momento. E então os braços de Izuna afrouxaram-se e o garoto limpou o rosto na manga da jaqueta e entre soluços que insistiam em se fazer presente, mesmo quando izuna achou estar preparado, ele disse. — Eu... Nunca mais vou .. vou... — Izuna não aguentou completar a frase e desabou mais uma vez, escondendo o rosto nas mãos e abaixando a cabeça ao curvar o corpo para frente. Tobirama tocou sobre as costas do marido, e não precisava Izuna terminar de falar para o Senju compreender o que ele queria dizer.

— Você vai sim. Vai encontrar outro lugar para isso, amor. — Disse o Senju tentando confortar seu marido aos prantos.
— Não vou! Meu sonho já era Tobi. — Disse Izuna com a voz abafada pelas mãos, mas a direita logo saiu do rosto de Izuna e ele apontou para o banco de trás e voltou a esconder o rosto entre as mãos deixando o choro sair. O Senju não queria ver o que é que ele estava apontando, não agora. Ele queria acalmar Izuna, mas não vendo outra opção quando o Uchiha fez o mesmo gesto porém mais impaciente.

Tobirama pegou a pasta de documentos que Izuna havia jogado ali e ao abrir retirou a primeira folha que tinha em frente. Seus olhos vermelhos correram por elas, a cada linha a sua surpresa e indignação era ainda maior, mas a raiva lhe subiu à cabeça quando leu uma das últimas linhas.

— Mas isso não é verdade e você... — Antes que Tobirama concluísse a fala Izuna o interrompeu com os olhos marejados e falando em um tom mais firme, mas ainda choroso. — Eu e você sabemos que não! Mas eu nunca mais vou ser recomendado e você melhor do que ninguém sabe que recomendação é o básico para essa profissão. — Tobirama ignorou o fato de Izuna ter falado em um tom extremamente agressivo com ele, afinal seu marido além de triste estava nervoso, e com razão.

— Eles queriam saber mais sobre o que aconteceu, eu sei que eu não deveria, mas eu falei tudo que eu sabia Tobi. Eu falei tudo e mesmo assim eles me deram esse presente. — Disse Izuna com a voz mais desesperada e o Senju inspirou de modo profundo, mas silencioso. Izuna definitivamente não devia ter feito isso, mas ele não iria dar lição de moral em Izuna em um momento desse então decidiu afagar os cabelos de seu marido de novo e o trouxe para mais perto. — Está tudo bem, só não deixe ninguém saber que você contou tudo para eles antes do depoimento oficial, ok? — O Uchiha assentiu e Tobirama beijou o topo da cabeça de Izuna e o menor pediu. — Me leva embora daqui Tobirama, desse lugar, dessa cidade. Vamos para nossa casa de verdade.

O Senju arqueou a sobrancelha e olhou para Izuna, que se sentou direito de novo e olhou para o albino e disse de um modo firme. — Por favor, não tem mais nada para mim aqui. E ambos sabemos que você só está aqui por minha causa. É hora de parar de viajar todos os dias para você poder trabalhar Tobi. Não precisa mais fazer seu irmão e o meu te usar na torre daquele maldito aeroporto. Por favor, vamos pra casa.

Tobirama não gostou daquele tom que Izuna disse aquelas palavras, ele estava claramente desistindo, uma vez que a maioria das companhias aéreas tinham suas sedes em Atlanta. Por ser uma cidade mais tranquila, é afastada da loucura da capital americana. Ele sabia que Izuna poderia ficar ainda mais furioso e dessa vez com ele, mas precisava tentar. Não iria para Washington se o seu marido lhe desse uma ponta de esperança de que aceitaria ajuda.

— Izu, você sabe muito bem que eu posso te ajudar com isso. — Arriscou Tobirama. E como esperado o olhar de Izuna se tornou ameaçador, como antigamente quando eram apenas adolescentes bobos e brigavam por coisas bobas em dias aleatórios quando ambos irritavam-se um com o outro. Lá atrás, bem no comecinho da amizade.

— Eu não quero a sua ajuda, eu não quero a ajuda do meu irmão, eu não quero a ajuda do seu irmão. Eu não quero ajuda de ninguém Tobirama. Já falamos sobre isso, foda-se que você é capitão da USAF, que seu irmão é secretário de defesa e que meu irmão é o presidente dos Estados Unidos. Eu não quero ajuda de vocês! Eu sou capaz de conseguir o que eu quero sem a sua influência ou a deles. Por favor, vamos voltar para nossa casa, e eu vou pensar em como reverter tudo isso, sem precisar que você se dê ao trabalho de falar de mim para fazer eu ter vantagem sobre outras pessoas em qualquer empresa. Tobirama, eu vou conquistar os meus sonhos, sim. Como? nesse momento eu não faço a mínima ideia, mas não vai ser com influências e privilégios que eu posso ter por ser casado com o capitão da equipe de interceptação da Força Aérea Americana. — Disse Izuna, firme em cada palavra.

Tobirama levantou as mãos em um claro tom de rendição e colocou a pasta do marido no banco de trás mais uma vez e disse enquanto voltou para frente e viu Izuna ainda o encarando, enquanto agora ele ajeitava o cinto e ligou o carro. — Não está mais aqui quem falou.

Izuna pareceu satisfeito com a resposta e ficou olhando para frente, emburrado, com os braços cruzados depois de apertar o cinto. Observava o caminho que seguiam para a casa de Atlanta.

— O que vamos fazer com essa casa? — Perguntou o Senju, mudando de assunto.

— Vamos anunciar ela em alguma daquelas imobiliárias online, vamos alugar. Teremos uma renda a mais pelo menos. Eu cuido disso quando a gente chegar em Washington. — Disse Izuna e seguiram o resto do caminho em silêncio.

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