Ídola.

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Saí do banheiro, enxugando meus cabelos e sentei na beira da cama, sentindo um peso horrível em meus ombros. Olhei para o lado e vi minha mala pronta. Eu me sentia tão desnecessariamente cansada. Nem tanto fisicamente, mas eu senti minha mente cheia. Mesmo que eu nem soubesse do que fosse exatamente.

Eu não sei dizer.

Ei! – Meli adentrou o quarto e eu sorri gentilmente. – Trouxe um suquinho de laranja.

– Obrigada. – peguei a garrafinha que ela me ofereceu. – O que você quer?

– Não posso te trazer um suquinho sem querer nada?

Ela sentou ao meu lado e se fez de ofendida. Apenas revirei os olhos e abri a garrafinha, virando o líquido em minha garganta. Estava muito gelado e gosto natural estava bem forte. Fiz uma pequena careta e senti todo meu corpo se arrepiar com o contato. Eu não esperava aquilo, definitivamente.

– Nossa. – fechei meus olhos com força sentindo até meu cérebro reclamar. – Está bem forte!

– Não gostou?

– Não. Está ótimo. Obrigada. – meu cérebro congelou.

Olhei no relógio em meu pulso e vi que estava próximo da hora do almoço. Eu não tinha feito a primeira refeição do dia e a loira ao meu lado tinha comido por nós duas, pela Naiane e por metade das jogadoras do Sub23. Melissa e eu tínhamos um contra quando estávamos ansiosas.

Enquanto eu não comia nada e tinha algum tipo de travamento pessoal, ela comia tudo o que aparecia e ficava mais agitada que o normal. Era assim desde sempre.

Saímos do quarto em direção ao refeitório e encontramos os Rezende no fim do corredor, até tentei desviar o caminho, mas não tinha outra opção e tínhamos que passar por onde eles estavam. Eu era grata por isso estar acabando, eu já não aguentava mais olhar pra cara do Bernardinho.

– (Seu Nome)! Melissa! – o técnico nos chamou quando passamos direto por ele, nos obrigando a parar nosso caminho. – Saímos em três horas.

– É, nós vimos no grupo, mas obrigada pelo reforço desnecessário. – Meli disse abrindo um sorriso falsamente educado.

– De nada. – ele respondeu no mesmo tom de ironia. – (Seu Nome), você está bem?

– Não que você realmente se importe... Mas, sim. Perfeitamente bem.

– Tem certeza?

– Sim, por quê?

– Curiosidade.

Dito, ele apenas virou as costas e saiu adentrando o corredor de acesso ao alojamento masculino. Eu não entendi. Eu revirei os olhos e bufei. Bruninho sorriu negando e seguiu o mesmo caminho que pai, nos deixando um aceno gentil. Eu ainda não acredito que convivi quase três anos com... Aquilo.

– Eu juro por Deus que nunca vou perdoar o Zé por ter me colocado nessa droga.

– O que é uma droga? – a voz de Guimarães surgiu atrás de nós e nos viramos a encontrando com um sorrisinho tímido no rosto. – Oi, meu delírio.

Ela disse olhando no fundo dos meus olhos e não pude evitar o sorriso bobo. Deus... Eu facilmente perderia horas da minha vida admirando Gabriela.

Ela usava o uniforme amarelo da seleção, com o casaco moletom cinza amarrado em sua cintura e tênis branco com a meia alta de jogadora. O coque alto e bem feito em seu cabelo deixando toda a atenção nos detalhes de seu rosto em destaque. Seu maxilar bem desenhado, seu nariz perfeitamente afilado, sua sobrancelha alinhada, sua boca, seus olhos tão escuros e brilhantes que eu conseguia me ver através deles, e até o sinalzinho no canto do seu queixo...

Looking At YouOnde histórias criam vida. Descubra agora