Atualizações.

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P.O.V.: (Seu Nome).

Fim de Novembro. Um pouco mais de um mês tinha se passado. Para uma atualização: eles não me deixaram ir ver Gabriela no hospital, mas não podiam me impedir de acompanhar o processo de recuperação dela. Eu oficialmente tinha um problema pessoal contra a Comissão Técnica de Saúde do Minas Tênis Clube.

Até a fisioterapeuta deles me fez passar um pouco de raiva, mas eu entendi que estava me metendo um pouco onde não deveria. Depois de 20 dias minha namorada já estava começando aos poucos suas sessões de recuperação com Melissa.

Eu confiava em minha melhor amiga com toda a certeza do mundo, mas Deus e o mundo sabe que eu estaria muito mais aliviada se fosse eu quem estivesse nesse processo ao lado dela.

Graças a inútil rodagem de sistema que a confederação nacional impôs meu clube chegou essa tarde em Belo Horizonte para jogarmos contra o clube de Brasília na arena mineira. Sentido? Nenhum. Aparentemente eles só gostam de nos sobrecarregar. Como o Fluminense e o Valinhos que estão jogando um contra o outro essa noite na arena do Praia Clube em Uberlândia.

Por um lado, era uma desculpa perfeita para passar algumas horas com Gabriela. Literalmente só ficar juntas, pois estávamos exaustas demais para fazer qualquer coisa além do que nosso corpo queria e permitia. Então estávamos deitadas há alguns longos minutos.

Eu sentia a respiração leve de Gabi e tive a certeza de que ela estava dormindo. Continuaria ali e me daria ao luxo de dormir também se eu não tivesse escutado as altas vozes de Christopher e Rosamaria vindas do corredor. Não dava para entender, mas parecia algo como uma discussão.

Não tinha como sair debaixo de Gabi sem a acordar e eu odiaria atrapalhar aquele sono que parecia tão gostoso. Mas a mistura de vozes aparentemente irritada não passou e eu não queria acreditar que estava realmente havendo uma briga entre os dois.

Passei minhas unhas pelas costas de Gabi até senti sua respiração ficar meio pesada. Ouvi uns resmungos.

– Amor, eu preciso levantar.

Sussurrei e ela apenas respondeu com outro resmungo manhoso e se arrastou para deitar na cama. Levantei e a vi pegar um travesseiro para abraçar. Eu morreria assistindo Gabriela dormir. Era uma das minhas visões favoritas de todo o mundo, com certeza.

Deixei um casto beijo em seu biquinho tolo e saí do quarto seguindo até o quarto do meu irmão. Onde encontrei o mesmo andando de um lado para o outro com um papel em mãos, concentrado no que havia ali. Rosamaria estava sentada no centro da cama dele, com as pernas cruzadas em forma de índio, também com um papel em mãos.

– Você não seria capaz de me deixar sozinha. Seria?

Rosa disse lendo no papel e eu dei um suspiro aliviada. Os papéis eram o roteiro da peça da escola de Chris. Meu irmão vai interpretar um astronauta que vai morrer. Isso é tudo o que eu sei. Não era obrigatório, mas ajudaria em suas notas e ele precisava, pois nessa reta final não estava sabendo conciliar a escola com o vôlei.

Eu o entendia por um lado. Eles tinham que fazer algumas viagens ali por Minas Gerais mesmo e mais a junção de alguns treinos meu irmão perdia algumas aulas. Naturalmente o afetava, não era comum, mas ninguém é 100% sempre e tudo bem. Ao menos eu via que ele tentava.

A mulher sentada na cama dele estava servindo de apoio há um tempo e eu sabia. Sempre o ajudando nos deveres e o incentivando. Não era sua obrigação, mas ela estava lá com ele mesmo assim. Ele estava indo bem, mas esse teatro estava o matando de nervosismo.

Vi o mais alto puxar os fios de seu cabelo, mostrando claro incômodo. Eu odiava o ver assim e eu não entendia o porquê de estar tão aflito com essa simples peça. Suas falas nem eram tantas.

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